Lucro do Banco de Brasília vira prejuízo de uma hora para outra

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Terminal executivo de atendimento no Aeroporto de Brasília/Divulgação

Artifícios contábeis e negócios não consolidados transformaram números positivos em negativos sob os olhos do Banco Central

Por Misto Brasil – DF

Não foi mágica, mas o balanço trimestral do Banco de Brasília se transformou de lucro para prejuízo de milhões de reais. O saldo negativo veio com a decisão do Banco Central de obrigar o banco estatal do Distrito Federal de refazer seus balanço consolidado de 2022 e e parcial de 2023.

Nos três primeiros desse ano, o BRB anunciou que o lucro foi de R$ 69,9 milhos. Quando o Banco Central apertou os números, viu que o Banco de Brasília apresentou prejuízo de R$ 43,3 milhões.

O rombo teria sido escamoteado por números irreais. O caso envolve uma parceria com a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, em Portugal, que decidiu romper um contrato com o BRB. O caso foi relatado hoje pelo jornalista radicado na capital portuguesa, Vicente Nunes.

O Misto Brasil pediu explicações do BRB, mas até este horário (16h37), não enviou nenhuma nota. Também pediu informações a aliados e políticos. O assunto sugere que a temática é polêmica.

O deputado Professor Reginaldo Veras (PV-DF) foi o único que comentou o buraco financeiro.

“Eu avisei/denunciei, no plenário da Câmara Legislativa, desde o início da assinatura do contrato com o Flamengo, de que havia irregularidades e que ainda sairia gente presa nesta história. Achavam que era “birra” de vascaíno. Taí o resultado: fraude no balanço contábil a fim de esconder a má gestão. Mais irregularidades virão”.

Na reportagem de Vicente Nunes, a informação é que nos primeiros seis meses deste ano, as correções nos balanços do BRB chegaram a R$ 173,8 milhões – R$ 75,8 milhões são referentes a dividendos recebidos indevidamente de uma reestruturação societária envolvendo a BRBCard e R$ 77,5 milhões decorrentes de uma parceria da instituição com a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa para a área de loterias. O

Os dados do BRB mostram que o buraco dos três primeiros meses do ano foi coberto pelo lucro líquido de R$ 85,4 milhões computado entre abril e junho.

Por isso, o resultado consolidado do banco no primeiro semestre de 2023 ficou em R$ 42,1 milhões.

Ou seja, os ajustes determinados pelo BC não apenas zeraram o lucro anunciado inicialmente pelo BRB entre janeiro e março, como ainda deixaram um saldo negativo que comeu quase a metade dos ganhos obtidos nos três meses posteriores.

Créditos tributários e freio do investidor português

Segundo o repórter especial do Correio Braziliense, BRB só continuou com lucro no primeiro semestre no seu balanço deste ano porque lançou créditos tributários de R$ 71,6 milhões como receitas.

Foi essa contabilidade que permitiu o lucro líquido de R$ 42,1 milhões. Ou seja, o resultado antes da tributação do IR foi negativo em R$ 23,7 milhões, o que significa que a operação do banco público não apresentou resultado positivo.

A reportagem conta que a decisão da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa de romper um contrato com o Banco de Brasília, para o lançamento de jogos e loterias no Distrito Federal, teve como principal objetivo conter o rombo com o possível negócio.

Pelo que havia sido negociado, a Santa Casa, que tem parte de seu capital oriundo de doações, teria de repassar mais 14 milhões de euros (R$ 77 milhões) à instituição financeira.

Ao tomar conhecimento desse volume tão grande de desembolso, a atual presidente da Santa Casa, Ana Jorge, ordenou que se pusesse um freio nesse escoadouro de dinheiro.

A entidade, que controla o sistema de loterias de Portugal, aproveitou a decisão do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) de parar, por uma série de suspeitas, as negociações conduzidas pelo BRB até que tudo fosse avaliado, para enterrar de vez o negócio, que estava ficando caro demais e sem nenhuma perspectiva positiva de retorno.

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