Carro elétrico – a bateria é um problema?

Carro elétrico abastecimento Misto Brasília
Novas baterias podem ajudar os carros elétricos a ter maior autonomia/Arquivo/Divulgação

A substituição dos veículos a combustão por elétricos envolve muitos desafios, como a fonte de energia

Por Charles Machado – SC

Nesse momento, nas grandes cidades é impossível caminhar cinco minutos sem encontrar um carro híbrido ou elétrico, e mais do que fazer parte da paisagem urbana, esses veículos fazem parte do sonho de consumo da maioria dos brasileiros, que não se importam em pagar “um pouco mais caro” para ter um hibrido ou elétrico na garagem.



Apenas no mês de setembro, segundo a Anfavea, foram vendidos 6.388 novos veículos, a maioria absoluta eram híbridos, uma vez que o preço dos elétricos ainda é proibitivo, além da pequena rede de abastecimento colocar em dúvida a autonomia desses bólidos.

A substituição dos veículos a combustão por elétricos envolve muitos desafios, seja no armazenamento da energia, na sua autonomia (diretamente ligada a capacidade da bateria), no número de postos de abastecimento, na fonte de energia que abastece esses veículos(se é renovável ou não), ou do destino das baterias quando forem descartadas.

Afinal qual seria o destino dessas modernas baterias de lítio? No momento as iniciativas para resolver o problema vão desde buscar um destino sustentável para esse item, a possibilidade de reciclagem e também o aumento da vida útil dessas baterias, afinal, tente imaginar que no mundo a frota de veículos total é de 1,4 bilhões de veículos, se todos fossem substituídos por elétricos e se a vida média de 10 anos, teríamos que dar anualmente o destino para 140 milhões de baterias, logo o material com que as mesmas são feitas e a possibilidade da sua reciclagem sempre serão um desafio.



Estima-se que os carros elétricos serão responsáveis por 90% do consumo do lítio destinado a baterias, porém lembro que atualmente os dispositivos eletrônicos modernos possuem baterias de lítio, desde os bilhões de smartphones até as calculadoras de mão.

Empresas como a a Redwood Materials, criada por ex-executivos da Tesla, da europeia Northvolt e da Li-Cycle, localizada em Toronto, já trabalha na desmontagem das baterias usadas para tentar reutilizar o máximo possível das peças e transformando-as em algo novo. A própria Tesla já vem indicando que usará as baterias que não servem mais em seus veículos para fornecer energia a sua Gigafactory, onde produz seus modelos.



As baterias da sexta geração

No momento ainda não há, uma padronização para a reciclagem desse material, pois cada fabricante de carros ou baterias desenvolve o produto com tecnologias específicas que passam por processos químicos diferentes para obter mais rendimento das células. A metalúrgica brasileira em conjunto com o Senai do Paraná, já firmaram parceria com a BMW, para desenvolver um processo sustentável que garanta a recuperação de compostos químicos das baterias no final da vida útil dos veículos elétricos.

Mais recentemente, a mesma BMW, anunciou a nova plataforma Neu Klasse, que vai equipar seus modelos a partir de 2025., com novas baterias, cuja autonomia deve chegar até 1.000km.



As baterias de sexta geração vão adotar um formato cilíndrico, substituindo de vez as células planas e prismáticas. Com isso, também prometem melhorar o tempo de carregamento. Segundo a BMW, elas serão capazes de suportar recargas ultrarrápidas de até 270 kW. Ou seja, uma melhora de 30% em relação à geração atual. Estima-se também que as baterias Gen6 poderão ser de 10% a 20% mais leves. Isso acontece porque são mais compactas, com cerca de 46 mm de diâmetro. Ainda segundo a BMW, elas devem utilizar menos cobalto e mais níquel, o que fornece uma densidade energética 20% maior.

Na corrida pela eletrificação, diversas marcas estão apostando no aumento de autonomia e na redução de preço, a CATL, fabricante chinesa, lançou uma nova bateria que promete alcançar também 1.000 km, com uma recara de 80% dela em apenas 10 minutos. Hoje, as baterias respondem por cerca de 40% do custo total de um carro elétrico o que pode dar a dimensão dessa nova disputa, que eu chamaria da corrida pelas baterias.



Muitos apostam na chegada das baterias de estado sólido que estão sendo desenvolvidas por empresas como a Nissan, e que terão mais densidade de energia, aumentarão a velocidade de carregamento e serão mais baratas do que as atuais, já previstas para chegarem em 2028 ao mercado.

A densidade de energia aumenta tanto que permite que o alcance do veículo seja estendido usando uma bateria menor e mais barata. É uma revolução dentro da indústria, as estimativas iniciais estimam que o custo de fabricação das células será reduzido para cerca de US$ 70 por kWh, o que significa igualar ou mesmo reduzir o preço dos carros elétricos em comparação com os carros de combustão interna.

Como toda nova mudança sempre tem um espaço enorme para os céticos e gigante para os ignorantes, que enraivecidos por não encontrar o seu espaço no novo, torcem o nariz e procuram ver nos problemas e obstáculos o maior dos seus aliados.

Carro elétrico abastecimento Misto Brasília
Fontes alternativas estão sendo apontadas para resolver o problema da energia/Arquivo/Portal Solar



Reduzir custos e o tempo de abastecimento

Com a publicação da Resolução Normativa da Aneel 482/12, que permitiu que o consumidor brasileiro possa gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis ou cogeração qualificada e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade, criou-se um potencial mercado de micro e pequenos geradores de energia, logo imagine esse segmento com a adoção dos veículos eletrificados, onde milhões de veículos no curto e médio prazo poderão ser abastecidos nas nossas garagens?

Tente imaginar empresas com centrais de geração fotovoltaica e ou eólica em seus pátios abastecendo as suas frotas? A geração distribuída, além de reduzir o custo de abastecimento para milhões de pessoas, vai criar um redesenho completo em toda cadeia de abastecimento de combustível que deve ficar muito diferente, logo os milhares de caminhões transportando combustível em nossas estradas devem ter seu volume reduzido, os oleodutos que transportam combustível devem ter sua vazão reduzida, e o Direito Urbanístico vai caminhar para regulamentação que torne obrigatória postos de reabastecimento desses veículos elétricos.



Ao mesmo tempo, com o objetivo de reduzir os custos e tempo para a conexão da microgeração e minigeração, bem como compatibilizar o Sistema de Compensação de Energia Elétrica com as condições gerais de fornecimento de energia, foi publicada a Resolução Normativa nº 1.000/2021 e a Resolução Normativa nº 687/2015, pela ANEEL que revisou a Resolução Normativa nº 482/2012, todas ampliando essa oportunidade que deve vir acompanhada de alterações em leis municipais.

Os céticos, torciam o nariz para os carros elétricos, criticando a sua autonomia, como ponto frágil e seu elevado custo, sabidamente todos são problemas contornáveis no médio prazo, seja pela escala ou por pequenas mudanças de hábito, afinal pergunte a uma pessoa que circula diariamente cerca de 40km se ele não prefere abastecer seu carro em casa com energia gerada por ele mesmo, ao invés de ir para os tradicionais postos de combustíveis?

A escala é nesse caso a senhora das soluções e das oportunidades, pois se as células tem hoje autonomia de mais de 360 km, isso nos carros elétricos de entrada, e podem ser reabastecidas em até 80% com uma breve parada para um lanche na estrada de 30 minutos, todo argumento será apenas com o propósito de atrasar essa transformação, que vai ocorrer mesmo com a oposição de muitos dinossauros da distribuição de combustível.



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