Texto de André césar
Apresentada ao país como a defesa da independência da Câmara dos Deputados, a candidatura de Baleia Rossi (MDB/SP) à presidência da Casa enfrenta seu pior momento. Nem mesmo o apoio e empenho do atual titular, deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), parece capaz de mudar o quadro.
São diversas as razões para a atual situação vivida pelo candidato, que vê seu principal adversário, Arthur Lira (PP-AL), aliado do Planalto, ganhar corpo. Analisemos algumas delas.
Em primeiro lugar, o nome do emedebista está longe de ser unanimidade mesmo entre seus potenciais apoiadores. O próprio DEM, partido de Maia e que conta com 29 deputados, está dividido e conta com um dissidente de peso – o baiano Elmar Nascimento, preterido na disputa para o comando da Câmara. Ele atua abertamente em prol da candidatura Lira e busca votos contra Rossi.
O PSDB, outra legenda que, em tese, está ao lado do candidato do MDB, também está rachado. Muitos de seus 33 deputados votarão no neo-aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o que desagrada a cúpula nacional tucana – que pouco pode fazer para reverter esses votos, diga-se.
O próprio fiador da candidatura Rossi, Rodrigo Maia, sente a pressão. Suas relações com o presidente nacional de seu partido, ACM Neto, estão estremecidas por conta do processo sucessório da Câmara. Cabe lembrar que os dois, Maia e Neto, são os principais responsáveis pela renovação no DEM, que corria o risco de tornar-se um nanico. O passado, ao que tudo indica, ficou para trás.
Há ainda outro obstáculo no caminho do emedebista – nos últimos dias, a imprensa tem publicado matérias sobre investigações em curso na Justiça contra ele. Além disso, a Folha de São Paulo divulgou capítulo inédito do livro do deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ), que fala da participação de Rossi no processo de impeachment da então presidente Dilma. Uma participação nada positiva, na ótica de Cunha.
Enfim, de favorita, a candidatura de Baleia Rossi passou a potencial azarão. Ainda faltam alguns dias para a disputa e muita água rolará até a decisão – e prudência é a palavra de ordem nesse momento. Mas o fato é que a eventual derrota do candidato do MDB significará o fim da Era Maia na Câmara, o que sem dúvida terá grande impacto sobre a política nacional.
