Brasil pode viver crises de altas temperaturas com mais frequência

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O calor na Terra será o mais significativo dos últimos tempos/Arquivo/Agência Brasília
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A análise do World Resource Institute considerou dados de 996 cidades com população superior a 500 mil habitantes

Por Misto Brasil – DF

Imerso na mais grave seca da história após meses de temperatura acima da média, o Brasil pode viver crises desta magnitude com maior frequência nas próximas décadas.

Se o planeta continuar na rota atual de 3 °C de aquecimento em relação à era pré-industrial, as ondas de calor, transmissão de doenças e demanda por energia para ar-condicionado terão impactos devastadores.

A conclusão é de um estudo feito pelo World Resource Institute (WRI) divulgado nesta quinta-feira (19).

A análise considerou dados de 996 cidades com população superior a 500 mil habitantes. Do Brasil, 32 entraram na lista. Entre elas estão Manaus, Belém, Aracaju, Goiânia, Cuiabá, Uberlândia, Belo Horizonte, São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Maceió e Fortaleza.

Os pesquisadores compararam indicadores de risco de áreas estratégicas como saúde pública, infraestrutura e produtividade econômica para entender como as cidades respondem a diferentes cenários: sob 1,5 °C, 2 °C e 3 °C de aquecimento da temperatura média da Terra.

“A diferença entre 1,5 °C e 3 °C tem consequências de vida ou morte para bilhões de pessoas no mundo todo”, afirma Rogier van den Berg, diretor global do WRI Ross Center for Sustainable Cities, que liderou o estudo.

Os piores impactos serão sentidos pelos mais pobres: considerando todo o globo, moradores de cidades de menor renda localizadas na África Subsaariana, América Latina e Sudeste Asiático serão os mais afetados.

aumento da temperatura da Terra já uma realidade. As atuais medições indicam que 2024 pode bater o ano anterior e superar o recorde como o mais quente da história. Até agora, o planeta está 1,4 °C mais quente em relação à época anterior à Revolução Industrial, quando a sociedade passou a ser movida a partir da queima de combustível fóssil.

Caso a temperatura média suba 3 °C, a previsão é que a frequência de ondas de calor aumente de 4,9 para 6,4 vezes por ano em média. Elas também serão mais longas: passarão de 16,3 para 24,5 dias em média.

Segundo os pesquisadores do WRI, moradores de 16% das cidades avaliadas enfrentarão pelo menos uma vez ao ano uma temporada extrema com duração de um mês. Na América Latina, a frequência de ondas de calor pode dobrar e chegar a 7,5 ocorrências por ano.

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