Vamos ver se aprendemos com as tragédias naturais

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Homem de chinele enfrenta as chamas em queimada no Distrito Federal/Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Aqui, na terra de Macunaíma, já era tempo de estabelecer uma política de Estado e prevenir o que já sabemos

Por Gilmar Corrêa – DF

Por meses seguidos, os brasileiros têm vivido trágédias naturais, como esta que estamos vendo com queimadas em grande escala. E não adianta apenas apontar como desculpa as ações de criminosos.

Além dos incêndios florestais, tivemos as enchentes no Rio Grande do Sul que dizimaram parte da produção, destruíram casas e ceifaram vidas. O mesmo também aconteceu no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo ou Santa Catarina, para citar alguns estados.

Tempestades têm provocado mortes em deslizamentos, enchentes e vendavais.

Os fenômenos climáticos dramáticos são vistos também em outros países, como agora nas enchentes que ocorrem na Europa Central e Oriental.

Vários países contabilizam neste momento seus prejuízos na mesma medida que contamos aqui os problemas causados pelo fogo.

O Chile, o Canadá, a Grécia e a Espanha, para citar alguns, viveram tragédias semelhantes. Incêndios devastadores arrasaram cidades inteiras e muita gente teve que correr para o mar para não morrer queimado. Aconteceu no Havaí, em agosto do ano passado.

Aqui, na terra de Macunaíma, já era tempo de se  estabelecer uma política de Estado séria e consistente para essas questões naturais.

Mas, ao contrário do que ensinam os exemplos, nem mesmo nos orçamentos municipais, estaduais e o federal se tem essa preocupação. Migalhas são previstas para ações preventivas.

Corremos atrás do prejuízo. Sempre! É o caso dessas queimadas. Não é por falta de conhecimentos e dados que não se permite um planejamento estratégico.

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Populares e pessoal da Defesa Civil leva um caixão em meio à enchente na Bahia/Camila Souza/Arquivo/Governo da Bahia

Além da conversa e entrevistas, os representantes dos governos precisam se antecipar aos problemas. Queimadas ocorrem sempre em maior ou menor gravidade. E são cíclicas e muitas vezes previsíveis. É o exemplo do Pantanal. Os fenômenos La Niña e El Niño estão ai para demonstrar os fatos.

No ano passado, o fogo consumiu quilômetros de vegetação, prejudicou a produção do agronegócio e eliminou centenas de espécies da nossa rica flora e fauna.

Como se contabilizam essas perdas em biomas como a Amazônia e o Cerrado? Qual o cálculo que se faz para as perdas fenomenais na Caatinga, Mata Atläntica ou no Pampa?

Entra administração e o dedo da culpa é apontado para a gestão passada. Passa governo e vem a mesma ladainha.

A campanha eleitoral poderia ser um bom cenário para essa discussão, mas, infelizmente, não temos esperança. O que se prioriza é a esculhambação, a agressão e a lacração, Veja como está em São Paulo, a maior cidade da América do Sul.

A prioridade é o baixo nível e os candidatos-sem-propostas. O palco da eleição produz um debate raso que coloca a política na lata do lixo.

Estabelecer parâmetros estratégicos não é uma questão ideológica. É necessária. Sabemos que mais tragédias virão. Não precisamos de cartomantes ou adivinhos.

Muito se falou em estabelecer planos. Reuniões foram feitas, horas e horas de trabalho foram contabilizados, mas o fato é que pouco avançamos. Nem mesmo os exemplos de outros países nos servem.

Está na hora dos políticos e gestores definirem pautas fundamentais nesta área. Correr atrás, como estamos fazendo agora, certamente não é a coisa mais inteligente a se fazer.

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