Aqui, na terra de Macunaíma, já era tempo de estabelecer uma política de Estado e prevenir o que já sabemos
Por Gilmar Corrêa – DF
Por meses seguidos, os brasileiros têm vivido trágédias naturais, como esta que estamos vendo com queimadas em grande escala. E não adianta apenas apontar como desculpa as ações de criminosos.
Além dos incêndios florestais, tivemos as enchentes no Rio Grande do Sul que dizimaram parte da produção, destruíram casas e ceifaram vidas. O mesmo também aconteceu no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo ou Santa Catarina, para citar alguns estados.
Tempestades têm provocado mortes em deslizamentos, enchentes e vendavais.
Os fenômenos climáticos dramáticos são vistos também em outros países, como agora nas enchentes que ocorrem na Europa Central e Oriental.
Vários países contabilizam neste momento seus prejuízos na mesma medida que contamos aqui os problemas causados pelo fogo.
O Chile, o Canadá, a Grécia e a Espanha, para citar alguns, viveram tragédias semelhantes. Incêndios devastadores arrasaram cidades inteiras e muita gente teve que correr para o mar para não morrer queimado. Aconteceu no Havaí, em agosto do ano passado.
Aqui, na terra de Macunaíma, já era tempo de se estabelecer uma política de Estado séria e consistente para essas questões naturais.
Mas, ao contrário do que ensinam os exemplos, nem mesmo nos orçamentos municipais, estaduais e o federal se tem essa preocupação. Migalhas são previstas para ações preventivas.
Corremos atrás do prejuízo. Sempre! É o caso dessas queimadas. Não é por falta de conhecimentos e dados que não se permite um planejamento estratégico.
Além da conversa e entrevistas, os representantes dos governos precisam se antecipar aos problemas. Queimadas ocorrem sempre em maior ou menor gravidade. E são cíclicas e muitas vezes previsíveis. É o exemplo do Pantanal. Os fenômenos La Niña e El Niño estão ai para demonstrar os fatos.
No ano passado, o fogo consumiu quilômetros de vegetação, prejudicou a produção do agronegócio e eliminou centenas de espécies da nossa rica flora e fauna.
Como se contabilizam essas perdas em biomas como a Amazônia e o Cerrado? Qual o cálculo que se faz para as perdas fenomenais na Caatinga, Mata Atläntica ou no Pampa?
Entra administração e o dedo da culpa é apontado para a gestão passada. Passa governo e vem a mesma ladainha.
A campanha eleitoral poderia ser um bom cenário para essa discussão, mas, infelizmente, não temos esperança. O que se prioriza é a esculhambação, a agressão e a lacração, Veja como está em São Paulo, a maior cidade da América do Sul.
A prioridade é o baixo nível e os candidatos-sem-propostas. O palco da eleição produz um debate raso que coloca a política na lata do lixo.
Estabelecer parâmetros estratégicos não é uma questão ideológica. É necessária. Sabemos que mais tragédias virão. Não precisamos de cartomantes ou adivinhos.
Muito se falou em estabelecer planos. Reuniões foram feitas, horas e horas de trabalho foram contabilizados, mas o fato é que pouco avançamos. Nem mesmo os exemplos de outros países nos servem.
Está na hora dos políticos e gestores definirem pautas fundamentais nesta área. Correr atrás, como estamos fazendo agora, certamente não é a coisa mais inteligente a se fazer.