Trinta ex-chefes de governo e de Estado de 13 países da América Latina assinaram a carta aberta ao presidente brasileiro
Por Misto Brasil – DF
Em carta aberta ao presidente Lula da Silva, 30 ex-chefes de governo e de Estado de 13 países da América Latina e da Europa cobram do governo brasileiro uma posição sobre o processo eleitoral na Venezuela.
O país foi às urnas em 28 de julho e anunciou, por meio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a vitória do presidente Nicolás Maduro, diferentemente do que apontavam pesquisas de intenção de voto e uma apuração independente, registrou a DW.
O órgão eleitoral do país ainda não divulgou, contudo, as atas eleitorais, onde estão registrados os votos e o resultado em cada local de votação.
O CNE, comandando por um aliado do presidente venezuelano, atribuiu a um suposto ataque cibernético a demora no sistema de contagem de votos. Segundo o órgão, com 80% das urnas apuradas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, teria sido reeleito com 51,2% dos votos. quedando ao principal adversário, Edmundo González, 44,2%, e 4,6% para os demais candidatos.
A oposição alega fraude e realiza protestos, reprimidos com violência. Mais de mil cidadãos já foram presas e há relatos de 20 mortes, segundo o Human Rights Watch.
Os ex-dirigentes afirmam na carta que a soberania popular na Venezuela foi sequestrada, com uso da estrutura do Estado, repressão e violações generalizadas dos direitos humanos da população.
“É um escândalo o que ocorre. Todos os governos americanos e europeus sabem disso. Admitir tal precedente ferirá mortalmente os esforços que continuam a ser feitos com tanto sacrifício nas Américas para sustentar o tripé da democracia, do Estado de direito e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente daquilo que o próprio presidente Lula da Silva preserva dentro de sua pátria”, diz a mensagem.
“A Venezuela tem direito a uma transição para a democracia”, prossegue a carta assinada por integrantes da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Idea), como Felipe Calderón, do México, Mauricio Macri, da Argentina, Mariano Rajoy, da Espanha, Álvaro Uribe, da Colômbia e Carlos Mesa, da Bolívia. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também integra o grupo, mas não assinou a carta dirigida a Lula.