De Lula da Silva a Gabriel Boric, passando por Gustavo Petro e Alberto Fernández, líderes latinos estão preocupados
Por Misto Brasil – DF
A situação de tensão máxima na Venezuela devido às eleições de domingo (28), nas quais a oposição pode destituir Nicolás Maduro após 25 anos de chavismo, deixa em suspense os grandes líderes da América Latina.
Aos que em algum momento apoiaram Maduro e aos que não o fizeram. De Lula da Silva a Gabriel Boric, passando por Gustavo Petro e Alberto Fernández, analisa reportagem do El País.
O presidente do Brasil tem sido o mais enfático nestes dias ao reconhecer que sentiu “medo” ao ouvir Maduro dizer, num vídeo supostamente divulgado nas redes sem o seu consentimento, que uma vitória do candidato da oposição, Edmundo González, poderia levar a “um banho de sangue” ou “uma guerra civil fratricida”.
Embora seja difícil saber se se trata de um excesso retórico do presidente, nada de incomum no chavismo, ou uma ameaça de fundo, a realidade é que tem gerado preocupação.
Estas declarações não passaram despercebidas na Colômbia, mas, devido aos laços históricos entre os dois países, o Presidente Petro mantém uma atitude cautelosa.
“Estamos aguardando o que acontece no domingo”, diz alguém próximo. O presidente colombiano tem a ideia de enviar seu chanceler, Luis Gilberto Murillo, a Caracas no fim de semana, assim como Lula da Silva fez com seu assessor de Assuntos Internacionais, Celso Amorim.
Ele não quer tornar isso público por enquanto, é cedo. As autoridades colombianas, conscientes da extrema sensibilidade dos seus homólogos venezuelanos em relação aos seus assuntos internos, comportam-se com discrição.
O primeiro a traçar uma linha vermelha para Maduro foi o presidente do Brasil.
“Maduro tem que aprender, quando você ganha você fica; quando você perde, você vai embora”, disse ele depois de apontar seu medo de que a bravata do presidente venezuelano fosse real.
“Já disse duas vezes a Maduro, e Maduro sabe disso, que a única maneira de a Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todos. Se Maduro quiser contribuir para resolver o regresso do crescimento económico na Venezuela, o regresso das pessoas que deixaram a Venezuela e estabelecer um Estado de crescimento económico, tem que respeitar o processo democrático”, acrescentou.
De acordo com a mídia, Alberto Fernández, ex-presidente argentino, juntou-se posteriormente. “Se for derrotado, o que tem que fazer é aceitá-lo”, disse Fernández, que estará na Venezuela como observador internacional.
“Vou para poder falar primeiro com a oposição e ouvir as suas preocupações e ver se posso ajudar a corrigi-las. O que eu quero é que haja eleições transparentes e o que a Venezuela precisa é recuperar a sua coexistência democrática”, explicou o ex-presidente à Rádio Con Vos.