Criptomoedas, a ilusão e a credibilidade do dinheiro

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Mercado de criptomoedas voltou a ficar aquecido/Arquivo
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Nossa compreensão e interpretação de um pedaço de papel impresso (a cada dia mais raro) é tudo o que conta

Por Charles Machado – SC

A história da humanidade bem poderia ser contada por seus símbolos e crenças, e a história do dinheiro, por toda evolução que passou, não fica distante dessas percepções de adoção.

Para muitos notadamente o dinheiro é uma ilusão, ainda que seja difícil de aceitar, o dinheiro é uma ilusão, faz parte de uma das muitas alucinações coletivas, convencionada pela sociedade, basta imaginar como seu valor pode derreter ou alcançar as alturas de uma noite para outra.

De fato, a única coisa real é seu poder simbólico, como uma linguagem de troca que nos permite dar valor às coisas e confiar em estranhos; Em outras palavras, nossa compreensão e interpretação de um pedaço de papel impresso (a cada dia mais raro) é tudo o que conta. Como tal, o valor de todos os tipos de dinheiro(moedas) é instável, flutuante e muitas vezes volátil.

Logo se destaca uma fundamental característica do dinheiro, ele é útil se for considerado uma ferramenta adequada para trocas de valor, e logo, segundo a doutrina ele deve atender a todas as oito características: deve ser escasso, fácil de armazenar e transportar, durável, difícil de falsificar, fácil de identificar, fungível (substituível), divisível e confiável.

E claro quando tratamos da possibilidade das criptomoedas serem usadas como dinheiro, a confiabilidade é uma caraterística que nos salta aos olhos, pois sem a confiança do usuário, não importa o quanto uma moeda esteja em conformidade com os demais requisitos, ela simplesmente não terá valor.

Exemplos de perda de confiança em uma moeda ocorrem com relativa frequência em países com atividade política turbulenta e problemática, que tem sido a causa de grandes desastres econômicos; Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Hungria, Peru, Venezuela, República de Weimar, Zimbábue, são alguns exemplos, que em diversos episódios viram o seu valor derreter, junto com a sua confiança.

Todos os países acima mudaram de moeda uma ou várias vezes devido à hiperinflação causada pela perda de confiança em seu dinheiro que tem como origem as ações de governos irresponsáveis. O dinheiro tem valor intrínseco? Hoje a resposta é não.

O dinheiro é frágil e temporário. Qualquer um que acredite que é real, sólido ou apoiado por algo ou alguém é como acreditar em fantasmas. E este é precisamente o principal argumento usado contra as criptomoedas. Elas seriam inúteis por não terem respaldo em nenhum governo.

Logo dentro desse raciocínio, o dinheiro adquire seu valor por causa da confiança que os usuários depositam nele. O bolívar venezuelano não vale nada neste momento porque ninguém confia nele ou no governo que o emite soberanamente.

Chave pública do endereço digital

Bem no caso das criptomoedas devemos ir a sua origem e acepção. E logo o que é criptografia? A palavra criptografia vem do grego “cryptos”, que significa “oculto”, e “grafia”, que significa “escrita”.

A criptografia é a ciência que protege documentos e dados por meio do uso de códigos que não podem ser facilmente decifrados. Para se ter uma ideia, a criptografia é tão antiga que os romanos a usavam para proteger suas ideias e projetos de guerra de seus inimigos.

O blockchain usa técnicas criptográficas sofisticadas para criptografar as transações registradas. Como essas mensagens criptografadas são descriptografadas ou decodificadas? Através do uso de uma chave pública ou chave e uma chave privada ou chave.

A chave pública é algo como seu “endereço digital” no blockchain. Esta chave pública não contém nenhuma informação pessoal do usuário, é simplesmente uma forma segura de expressar os locais digitais em um blockchain ao qual o usuário tem acesso.

Por outro lado, uma chave privada atua como a combinação secreta de um cofre; ou seja, permite que o usuário acesse e use as informações armazenadas em um local específico no blockchain, desde que saiba a combinação certa, obviamente.”

Dito isso, estabelecendo-se as principais caraterísticas técnicas das criptomoedas, partimos para as funções do dinheiro, para que possamos fazer um paralelo as criptomoedas.

As funções do dinheiro são três: unidade contábil, reserva de valor e meio de troca. Cada uma das funções mencionadas é autoexplicativa.

Muitas das moedas fiduciárias, emitidas pelos bancos centrais, perderam gradualmente sua propriedade como reserva de valor porque os governos recorrem à impressão indiscriminada de dinheiro para cobrir seus grandes déficits fiscais, gerando desvalorização e inflação, que se traduzem na perda constante do poder de compra dos cidadãos; ou seja, o dinheiro economizado a cada ano vale menos.

Trata-se de uma política monetária comum partilhada por todos os Estados. Mesmo a moeda do pós-guerra com melhor desempenho, o marco alemão, perdeu 71% de seu valor de 1949 a 1999, quando a Alemanha adotou o euro.

No mesmo período, o dólar americano perdeu 84% de seu valor. Os casos atuais mais óbvios são o bolívar venezuelano e o dólar do Zimbábue, moedas que perderam milhões de vezes seu valor, a ponto de praticamente ninguém querer tê-las.

Não a toa as previsões sobre as criptomoedas e o seu espaço são majoritariamente otimistas.

E claro conforme aumenta a sua participação e uso, amplia-se a confiança nessa tecnologia que no momento ainda está engatinhando, mas que já da pistas da sua dimensão com a entrada de grandes players (bancos e grandes corretoras).

 

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