O resultado deste domingo foi visto com alívio por militantes de esquerda e de centro, mas lebanta questões
Por Misto Brasil – DF
A aliança de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e o centro macronista agrupado na coligação Juntos surpreenderam neste domingo (07), segundo turno das eleições legislativas francesas, ao conseguirem formar as maiores bancadas da Assembleia Nacional, a câmara dos deputados da França.
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De quebra, os dois blocos ainda ficaram à frente da ultradireitista Reunião Nacional (RN), que havia recebido a maior porcentagem de votos no primeiro turno e que em pesquisas no início da semana parecia caminhar para formar a maior bancada da Assembleia.
Mas o resultado ainda levanta questões sobre como fica a governabilidade da França, já que nenhum partido ou coligação conseguiu formar maioria na Assembleia de 577 cadeiras.
Segundo projeções divulgadas no domingo à noite, a NFP deve conquistar o maior número de cadeiras – entre 187 e 198.
O Juntos, do presidente Emmanuel Macron, aparecia na sequência, com entre 161 e 169. Já a RN, o partido de Marine Le Pen, e uma facção aliada da direita conservadora, aparecia com entre 135 e 143.
Assembleia fragmentada
No sistema semipresidencialista da França, o presidente e os membros do governo são eleitos separadamente. Um presidente depende de um primeiro-ministro indicado pela Assembleia Nacional para assegurar a governabilidade.
Para obter a maioria absoluta e poder liderar um governo estável, um partido ou coligação precisa de 289 das 577 cadeiras na Assembleia Nacional.
O resultado deste domingo foi visto com alívio por militantes de esquerda e de centro, já que afastou decisivamente a possibilidade de a RN formar uma maioria e controlar o governo.
No entanto, nem a NFP nem o Juntos de Macron conseguiram maioria.
A Assembleia Nacional já vive num impasse desde 2022, quando Macron perdeu sua maioria nas eleições legislativas daquele ano.
A convocação da eleição deste domingo foi feita pelo presidente justamente para tentar recuperar sua maioria – uma aposta fracassada, como se viu neste segundo turno.
Na realidade Macron até viu seu número de deputados diminuir em relação a 2022 e ainda se deparou com crescimento dos seus rivais de esquerda e ultradireita.
Ainda que a ultradireita tenha sido barrada, o crescimento da fragmentação da Assembleia Nacional, com nenhum bloco contando com maioria, ainda tem potencial de provocar uma paralisia semelhante a que vem marcando a Casa desde 2022.
Neste caso, o Legislativo francês arrisca ficar travado por pelo menos um ano – prazo mínimo para a convocação de uma nova eleição.
O resultado da eleição legislativa, a princípio, não afeta diretamente a permanência de Macron na Presidência. Seu mandato vai até 2027. (texto da Agência DW)