Big techs valem mais do que o PIB da América Latina

Modelo tributário moedas Misto Brasília
O valor das big techs assentado em nossos próprios dados/Arquivo/Instituto de Engenharia

Microsoft, Google, Amazon, Ali Baba, Meta (WhatsApp, Instagram e Facebook) e Apple, são avaliadas acima de US$ 10 trilhões

Por Charles Machado – SC

A economia digital produz números e uma concentração de riqueza jamais imaginada, o que representa poder econômico e político nas mãos de poucos.

Nesse momento as maiores empresas de tecnologia, as big techs possuem um valor de mercado bem maior do que o PIB de toda América Latina, ou seja, Microsoft, Google, Amazon, Ali Baba, Meta (dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp), e Apple, são avaliadas acima de US$ 10 trilhões.

É muito maior que o PIB de todos os países da América Latina juntos, em que pese essas nações terem um contingente populacional de 660 milhões de pessoas.

É claro que empresas com valor de mercado acima da economia de países não e uma novidade, mas quando poucas empresas juntas ultrapassam o valor de mercado da casa dos trilhões de dólares, em tão pouco tempo isso implica em uma economia com a percepção distinta de valor.

A primeira empresa a fazê-lo foi a Apple, que atingiu um trilhão em 2 de agosto de 2018, passando a valer dois trilhões em 19 de agosto (em meio a pandemia) e chegando a importância astronômica de três trilhões de dólares em 03 de janeiro de 2022.

A Microsoft, com a sua recente aposta na IA. ultrapassou o valor de mercado da Apple em 12 de janeiro de 2024, alinhada com os seus algoritmos generativos.

A caçula do clube dos trilhões, a Nvidia, surfa na sua aposta na Inteligência Artificial, suas GPUs dominam cerca de 88% do mercado, e seus últimos resultados divulgados conseguiu ultrapassar a Apple em valor, caminhando para alcançar a Microsoft, afinal o avanço da robótica promete um lugar no olímpio para os seus chips.

A inteligência artificial entra em campo

Nesse momento, por mais que a concorrência se junte, tem-se a impressas que para ela o céu é o limite. A inteligência artificial generativa está cada vez mais em aplicações, e é justamente sua baixa eficiência que faz com que precisemos cada vez mais de potência do processador para alcançar resultados razoavelmente bons.

Possivelmente descobriremos novas maneiras de tornar esses algoritmos mais eficientes, e será com chips da Nvidia.

Essa empresas representam uma economia lastreada na captura dos nossos dados e no nosso tempo, afinal no momento em que você iniciou a leitura desse texto, quantos outros textos estavam disputando a sua atenção?

Textos, fotos, vídeos, músicas, a era da informação marca também um excesso de conteúdo sobre absolutamente tudo que se possa imaginar, e até o que não se imagina.

Logo essa economia baseada em precisão de dados no resultado da busca que se traduz em mais tempo, e logo tempo são mais dados pois quanto maior a audiência maior será a divulgação comercial, e logo mais conversão para os anunciantes.

É um caminhar em círculos, melhores pesquisas, que levam melhores resultados, que levam a melhores indicações para o assunto pesquisado e para quem pesquisa. Sim se eu e você pesquisarmos exatamente o mesmo assunto, o resultado da pesquisa será certamente distinto.

Essa lógica, da era da informação que criou uma sociedade denominada por muitos como “a sociedade da informação” com o passar do tempo passou a gerar tanta informação, sobre as mais diversas plataformas, e assim nunca foi tão fácil produzir conteúdo, sejam eles por vídeos, textos e áudios.

Muita informação e a sociedade da desatenção

Assim, com tanta informação e tanta facilidade para produzir todo e qualquer tipo de informação, acabamos por evoluir por uma sociedade que se sustenta pela sua atenção. E criou o termo “economia da atenção, que por razões óbvias me permite chamar de sociedade da desatenção, ou “economia da desatenção”.

Como destaca Byung Chul Han, em seu livro, “No Enxame”: “informação é cumulativa e aditiva, enquanto a verdade é exclusiva e seletiva. Diferentemente da informação, ela não produz nenhum monte [Haufen]. É que não se é confrontado com ela frequentemente. Não há massas de verdades, [mas] há, em contrapartida, massas de informação. Sem a negatividade se chega a uma massificação do positivo.

Por causa da sua positividade, a informação também se distingue do saber. O saber não está simplesmente disponível. Não se pode simplesmente encontrá-lo como a informação. Não raramente, uma longa experiência o antecede. Ele tem uma temporalidade completamente diferente do que a informação, que é muito curta e de curto prazo”,

Informação, nem sempre é conhecimento e muito menos sabedoria, e se a informação é de péssima qualidade o que esperar dessa nova formação cultural?

Vejamos nossos celulares, e o seu uso onde de tanta informação que se recebe, das inúmeras redes sociais onde se curti sem ler, se compartilha sem pesquisar, a lógica da economia da Atenção, foi gerar a “sociedade da desatenção”, muito barulho, pouco fruto de qualidade de conteúdo resultando em pouca atenção.

Vejamos a importância do design na disputa pela sua atenção, onde um dos maiores problemas de usabilidade nos últimos tempos, é o gerenciamento das notificações, dos inúmeros aplicativo, onde todos os aplicativos, seguindo a lógica querem a sua audiência.

Todos esses dados, precisam de mais memória e de uma inteligência artificial a cada dia mais avançada, na lógica de que dados implicam em mais atenção e mais atenção implica em mais dados.

Logo, a inteligência artificial é, neste momento, “internet no final dos anos 90”: sabemos que vai viver uma crise de confiança, que alguns vão fingir que é uma bolha ou que haverá muitos certamente não sobreviverão nessa nova disputa.

Em um futuro próximo, os algoritmos estarão por todo o lado.

As empresas que não souberem desenvolvê-las ou utilizá-las não serão competitivas, e nosso trabalho exigirá o uso de múltiplos algoritmos em seu dia a dia, a cada momento mais imperceptíveis incorporados nas nossas rotinas, um envolvimento se medida, e logo com uma necessidade urgente de ter alguma regulação, antes que sejamos apenas massa de manobra.

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