O impacto nas colheitas de arroz, soja e trigo deve ser sentido na inflação em todo o Brasil. A indústria também foi impactada
Por Misto Brasil – DF
O Rio Grande do Sul é tradicionalmente conhecido como um dos grandes produtores do agronegócio brasileiro, e os efeitos das históricas enchentes no estado foram prontamente alvos de preocupação para o setor.
O impacto nas colheitas de arroz, soja e trigo deve ser sentido na inflação em todo o Brasil, o que também deverá ocorrer no caso do leite e de outros produtos.
Além disso, a atividade industrial gaúcha também foi fortemente afetada – nove em cada 10 empresas do estado estão em cidades atingidas pelas enchentes, de acordo com levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Este cenário deve ter repercussões para a atividade econômica do Brasil como um todo.
Além da grande presença na alimentação dos brasileiros, o arroz chama a atenção pelo forte componente doméstico da produção do estado.
O Rio Grande do Sul é responsável por mais de 70% da produção brasileira do alimento que, no último ano, representou apenas 1,4% das exportações gaúchas, segundo dados do Comex, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro.
Embora 80% do arroz já tivesse sido colhido, nos últimos dias o Brasil se mobilizou pela importação do grão, enquanto supermercados pelo país restringiram as compras, temendo desabastecimento em razão de danos aos estoques e à cadeia de distribuição.
A analista de grãos da StoneX Ana Luiza Lodi afirma que os impactos devem afetar não apenas as plantações, mas as cadeias de fornecimento como um todo, lembrando dos prejuízos nos silos e às indústrias que usam a soja, como o caso da proteína animal – e isso sem falar nas estradas, rodovias e pontes.
No caso da soja, a expectativa antes das enchentes era de uma exportação de 23 milhões de toneladas, que foi reduzida para 20 milhões. O chamado complexo da soja, que abrange ainda o farelo, é o maior produto de exportação do Brasil, tendo a China como principal compradora.
Além disso, ela aponta uma possível perda na qualidade em parte da safra, o que deve impossibilitar a exportação em alguns casos. Em 2023, o produto foi responsável por 18% das vendas internacionais do estado, o que representou um ingresso de US$ 4,1 bilhões para o Rio Grande do Sul.