América Latina entre os Estados Unidos e a China

Antony Blinken e Xi Jinping EUA e China Misto Brasília
Antony Blinken e Xi Jinping em encontro realizado em Pequim/Arquivo/XinhuaNews
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A região ganhou destaque nos últimos anos, em parte devido a conflitos geopolíticos. O potencial energético latino-americano também contribuiu

Por Misto Brasil – DF

Nos últimos meses, autoridades do governo dos Estados Unidos fizeram uma série de sinalizações sobre a necessidade do país se atentar mais à América Latina, especialmente por conta da presença chinesa na região.

Enquanto isso, a China, que se notabilizou por uma série de grandes obras de infraestrutura, vem diversificando suas parcerias, como na cadeia de veículos elétricos, no que vem sendo chamado de “nova-infraestrutura”, relata a Agência DW.

Essas iniciativas revelam o destaque internacional que a região ganhou nos últimos anos, em parte devido a conflitos geopolíticos como a guerra na Ucrânia e à disputa comercial entre Washington e Pequim. O potencial energético latino-americano também contribuiu para que a região subisse no rol de prioridades do Ocidente.

“A América Latina possui um amplo mercado, além de ser uma fonte rica em energia e minerais. Enquanto os Estados Unidos se afastaram na última década, a China aumentou sua presença na região, com fortalecimento de laços comerciais e investimentos em infraestrutura“, avaliam Christopher Garman, diretor executivo para as Américas na Eurasia, e Julia Thomson, pesquisadora da mesma consultoria.

“Alguns países, como México se beneficiam mais do que outros, pela proximidade com os Estados Unidos”, lembram os especialistas, destacando principalmente o fenômeno conhecido por nearshoring – estratégia que leva a produção para mais perto dos mercados consumidores –, com Washigton buscando assegurar sua cadeia de suprimentos em países mais próximos e com os quais tenha maior aliança.

Visando ampliar o nearshoring pelo continente, tramita no Congresso americano o chamado Lei de Investimento Comercial dos EUA, que contempla um investimento de 14 bilhões de dólares na América Latina e um plano de redução de impostos.

Além disso, a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, mencionou algumas vezes a possibilidade de o Brasil fazer parte da cadeia de investimentos do país em semicondutores, um dos temas mais sensíveis das disputas comerciais atualmente.

Por sua vez, o diplomata Marcos Caramuru, que foi embaixador do Brasil na China, tem uma opinião mais cética sobre a real capacidade de Washington fazer frente aos investimentos de Pequim na região.

“A China funciona com empresas estatais, que muitas vezes possuem uma visão mais acoplada a do governo, o que não ocorre nos Estados Unidos”, aponta, sugerindo que para que o capital privado americano chegue à região, não basta vontade política.

A China amplia seus planos de investimento, especialmente focando no que vem sendo chamado de “nova infraestrutura”.

Para Margaret Myers, diretora do programa de Ásia e América Latina do Inter American Dialogue, e autora de um estudo recente sobre o tema, estes setores incluem a fabricação de veículos elétricos e outras indústrias de ponta, telecomunicações, energia renovável e linhas de transmissão de ultra-alta tensão.

Nos últimos meses, as montadoras chinesas BYD e GWM fizeram uma série de anúncios para novos projetos na região, com destaque para o Brasil. Um dos mais recentes foi o da produção de baterias da primeira na Zona Franca de Manaus.

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