Aqui surgem as questões. Qual o motivo da “visita”? Com quais “autoridades” magiares ele conversou? Qual o teor das conversas?
Por André César – SP
O vazamento de imagens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em visita ao prédio da embaixada da Hungria gerou importante fato político. Uma série de questões aguardam esclarecimento e o ex-mandatário, no limite, pode ter novas complicações com a Justiça.
Aos fatos. Em 12 de fevereiro último, após a operação da Polícia Federal sobre ex-integrantes de seu governo e ter o passaporte apreendido, Bolsonaro chega ao prédio. E lá fica por dois dias, como uma espécie de hóspede de luxo.
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Aqui surgem as questões. Qual o motivo da “visita”? Com quais “autoridades” magiares ele conversou? Qual o teor das conversas? Ele chegou a falar com o primeiro-ministro daquele país, o autocrata Viktor Orbán? Muitas perguntas à espera de respostas.
O caso teve grande repercussão e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para Bolsonaro se explicar. Também a Polícia Federal investigará o caso. Igualmente o embaixador húngaro foi chamado ao Itamaraty para se explicar, mas nada falou.
Há quem considere o gesto do governo Orbán de hospedar o ex-presidente na embaixada como uma interferência daquele país em assuntos internos do Brasil. Como se sabe, Bolsonaro sempre manteve boas relações com seu “amigo” Viktor.
Importante observar que, sob a administração Orbán, a Hungria se tornou referência global da direita mais extremada. Aliás, ele governa o país com mão de ferro há mais de dez anos. Justiça, imprensa e oposição têm pouco espaço no país.
Enfim, trata-se de mais um movimento político do ex-presidente, que mantém motivados seus admiradores e eleitores. Dessa vez, porém, o cálculo tenha sido errado, com possíveis graves consequências.