Foi transformado em museu em 1959, antes da inauguração de Brasília para preservar a memória da construção da cidade
Por Sérgio Botelho – DF
Em 30 de abril de 1961, a Prefeitura de Brasília dava início a um serviço de turismo que valorizava (entre outros pontos, como a Barragem do Paranoá, o Cruzeiro, a concha acústica e o Palácio do Alvorada) o famoso Catetinho, nome que faz referência ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sede do governo federal antes da construção de Brasília.
O Catetinho, conhecido como a “primeira residência oficial” de Brasília, marca o início da construção da capital brasileira.
Esse edifício simples, porém, histórico, foi construído em um período recorde de dez dias, entre 31 de outubro e 10 de novembro de 1956, sob a direção do arquiteto Oscar Niemeyer e a inspiração do presidente Juscelino Kubitschek.
Localizado à beira da rodovia BR-040, no caminho para Goiás, o Catetinho foi erguido com o propósito de servir como residência temporária para Juscelino Kubitschek durante as visitas às obras de construção da nova capital.
A estrutura do edifício é toda feita de madeira, proveniente da região, e foi projetada para se integrar harmoniosamente ao Cerrado, o bioma predominante na área. A construção reflete a simplicidade e a urgência do momento, mas também simboliza o otimismo e a determinação do projeto de construir Brasília.
O Catetinho não é apenas notável por sua arquitetura ou por ter sido a residência temporária de Kubitschek; ele é um museu vivo que conta a história dos primeiros passos da construção de Brasília.
Dentro de suas paredes estão preservados mobiliário, objetos pessoais de JK e fotografias que documentam a época de sua construção e os primeiros dias da nova capital.
O local oferece aos visitantes uma visão singular dos desafios enfrentados pela equipe que trabalhou na realização do sonho de mudar a capital do Brasil para o interior, promovendo o desenvolvimento nacional.
Além de sua função residencial, o Catetinho foi palco de importantes decisões políticas e administrativas relacionadas à construção de Brasília. Era lá que Juscelino Kubitschek se reunia com políticos, engenheiros e arquitetos para discutir o progresso das obras e planejar os próximos passos.
Hoje, o Catetinho é um patrimônio histórico nacional, administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Foi tombado em 1959, pouco tempo antes da inauguração de Brasília, com o intuito de preservar a memória da construção da cidade.
Foi transformado em museu em 1959, pouco tempo após a inauguração de Brasília, com o intuito de preservar a memória da construção da cidade. O museu atrai visitantes interessados em história, arquitetura e urbanismo, bem como aqueles que desejam compreender os ideais e esforços que moldaram a capital do Brasil.
A história do Catetinho é um lembrete fascinante da visão audaciosa de Juscelino Kubitschek e de sua equipe, que trabalharam incansavelmente para transformar o sonho de uma nova capital em realidade.
Este modesto edifício de madeira não só testemunhou o nascimento de Brasília, mas também simboliza o espírito de inovação e determinação que caracterizou esse período histórico do Brasil.
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