Aumentou o número de chineses que migram para Estados Unidos

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Aumentou o número de imigrantes que chegam nos Estados Unidos/Arquivo/CNN
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Muitos se informam pelo TikTok. Os chineses ainda representem apenas 2,5% dos que cruzam ilegalmente a fronteira sul dos EUA

Por Misto Brasil – DF

A pele da perna de Guo está arranhada, apesar do frio do deserto ele só traz nos pés as sandálias de plástico empoeiradas que roubaram na Colômbia. O país está numa das rotas de migração para os Estados Unidos preferidas pelos migrantes da América Latina e Caribe – aos quais agora se juntam cada vez mais chineses como ele.

Sua odisseia começou em Shenzhen, no sudeste da China, onde trabalhou como mecânico numa fábrica. De lá, voou para o Equador, que não exige visto para portadores de passaporte chinês, escreve o repórter Franziska Wüst, da Agência DW.

Então continuou por terra através do Tampão de Darién, uma densa floresta tropical na fronteira entre a Colômbia e o Panamá.

Finalmente, depois de cruzar a fronteira entre o México e os EUA na noite anterior, o rapaz de 24 anos está em Jacumba Hot Springs, um lugarejo da Califórnia de 600 habitantes, 125 quilômetros a leste do centro de San Diego. Seu inglês é tosco, mas a euforia é palpável:

“É tão emocionante eu estar finalmente nos EUA!”

O acesso à localidade foi pela vizinha “San Judas Break”, uma das lacunas na imensa cerca que separa os dois países norte-americanos. Os migrantes, a maioria da China, esperam em fila pelos agentes da Patrulha de Alfândega e Fronteira dos EUA, que os levarão para solicitar asilo oficialmente.

Alguns vestem jaquetas acolchoadas, outros se enrolaram em cobertores: todos levam poucos pertences, apenas dois têm malas.

Embora, segundo o serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP), os chineses ainda representem apenas 2,5% dos que cruzam ilegalmente a fronteira sul dos EUA, eles são o grupo que cresce mais rápido.

De outubro de janeiro, a patrulha registrou cerca de 19 mil deles: no mesmo período de 2021, quando ainda estavam em vigor as restrições devido à pandemia de Covid-19 , esse número foi de apenas 55.

Michelle Mittelstadt, do Instituto de Política Migratória (MPI), sediada em Washington, explica que grande parte dos chineses tenta ingressar pela fronteira sul a fim de evitar as regras rígidas e os longos prazos de espera que seus compatriotas enfrentam nos canais de imigração oficiais.

Mesmo entrando ilegalmente em nenhum país, são relativamente boas as chances de um cidadão da China obter o mesmo nos EUA: o Departamento de Justiça registra uma taxa de diferimento de mais de 50%, contra apenas 4% para os requerentes mexicanos.

“Eu sei dessa informação toda pela internet, pelo TikTok”, comenta Guo, tirando o telefone celular do bolso. Canais de mídia social das plataformas de vídeo e mensagens revelam as melhores rotas para entrar nos EUA, com instruções passo a passo, sugestões de meios de transporte, até mesmo especificando quanto os agentes de fronteira esperam como suborno em cada país ao longo do caminho.

Por que tantos chineses abandonaram seu país natal? “A China tem um monte de problemas. Os jovens não têm como pagar o preço de morar na cidade”, afirma o migrante Guo.

Segundo analistas, a economia nacional está em declínio, com desemprego extremamente alto entre os jovens e expectativa de deflação em 2025. O resultado poderá ser uma espiral descendente do consumo, insolvências de bancos e desemprego em massa.

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