Tropa de elite do Exército teria participado da tentativa de golpe

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Integrantes da tropa teriam sido convocados pelos golpistas/Divulgação/Exército

Integrantes do chamado kids pretos teriam sido convocados para uma reunião de planejamento no dia 28 de novembro

Por Misto Brasil – DF

Desde que foi deflagrada a Operação Tempus Veritatis na manhã de quinta-feira (08), um grupo em particular passou a ganhar destaque nas investigações: os kids pretos.

A operação tem como alvo uma suposta organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito.

Chama a atenção que, dos 22 alvos da operação, pelo menos oito sejam kids pretos, segundo fontes da investigação ouvidas pela TV Globo.

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Eles vieram à tona sobretudo após a notícia da prisão do coronel da reserva Marcelo Câmara, integrante do grupamento de elite do Exército que teria tido, segundo a Polícia Federal (PF), papel central na tentativa de tomada do poder após a eleição de Lula da Silva (PT), informou a Agência DW.

“Além de ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados kids pretos) a missão de efetuar a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado”, diz a decisão do próprio Moraes que autorizou a operação.

Segundo apontam as investigações da PF, kids pretos teriam sido convocados para uma reunião com outros militares e auxiliares do entorno mais próximo do então presidente Jair Bolsonaro para atuar em atos antidemocráticos, fornecendo apoio e orientações aos golpistas.

Neste encontro, realizado em Brasília em 28 de novembro de 2022, ou seja, após o resultado do segundo turno das eleições, teria sido discutida a participação dos kids pretos em um golpe de Estado.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a reunião contou com participação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e ele mesmo um ex-kid preto, e do coronel Bernardo Romão, na época assistente do Comando Militar do Sul. O plano seria a tomada de poder após a eleição de Lula.

Conforme diálogos encontrados no celular de Mauro Cid, Corrêa Neto teria intermediado o convite para a reunião, selecionando apenas os militares formados no curso das FE”.

“Isso demonstraria, segundo a PGR, um “planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para consumação do Golpe de Estado”, aponta o órgão em documento enviado ao Supremo.

Um dos mais conhecidos é Marcelo Câmara, preso na quinta-feira. Ele já esteve nos holofotes por suspeita de envolvimento na venda de presentes oficiais sob a gestão Bolsonaro e também de fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente.

Além de Câmara, outros sete kids pretos foram alvo da operação: Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército; Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022; Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres; Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres; Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército; e Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, major do Exército.

Tropa de eleite do Exército kids pretos Misto Brasil
Tropa de eleite do Exército preparada para ações especiais/Divulgaçào/Exército

Quem são os kids pretos?

Kids pretos é o apelido informal dado aos membros do Comando de Operações Especiais (Copesp) – também conhecido como “forças especiais” (FE) do Exército brasileiro. Esses militares, tanto da ativa quanto da reserva, são treinados para participar de missões com alto grau de risco e sigilo.

O trabalho deles inclui operações de guerra irregular, cobrindo, entre outras coisas, táticas de guerrilha, terrorismo, movimentos de resistência e planejamento de fugas e evasões.

Considerados a elite de combate do Exército, os kids pretos recebem treinamento qualificado em ações de sabotagem e de incentivo à insurgência popular.

Sua ação engloba ainda ataques a pontos sensíveis da infraestrutura, como torres de transmissão elétrica, pontes e aeroportos. Entre os lemas do grupo, está “qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora e de qualquer maneira”.

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