É crucial reconhecer que o cancelamento, originado como uma ferramenta de justiça social, evoluiu para um tribunal implacável da internet
Por Isadora Lira – DF
À medida que 2024 toda forma, percebemos que esta é uma nova oportunidade de nos reconciliarmos com nossos próprios corações, assim como de reformular não apenas políticas, mas a própria essência de nossa sociedade. Este ano representa uma chance renovada de corrigir as falhas do passado.
É um capítulo fresco para amarmos mais profundamente e para nutrirmos com ternura as conexões que dão significado à nossa existência.
A cultura do cancelamento, fenômeno que tomou conta das redes sociais em 2023, como evidenciada na pesquisa do Instituto Liberdade Digital, revela uma sociedade dividida entre aqueles que apoiam e aqueles que condenam o cancelamento de pessoas com opiniões e atitudes divergentes.
É crucial reconhecer que o cancelamento, originado como uma ferramenta de justiça social, evoluiu para um tribunal implacável da internet, onde o erro é intolerável, e a oportunidade de contextualização escassa.
É de suma importância entender que há profissionais capacitados para desempenhar um papel fundamental na abordagem de crimes que muitas vezes se mesclam com o conceito de liberdade de expressão.
Em uma sociedade democrática, é crucial reconhecer que a aplicação da lei recai sobre instituições especializadas, evitando que os cidadãos assumam o papel de julgadores por conta própria, seja nas ruas ou nas plataformas digitais.
O Tratado de Foucault, debruça sobre a ideia do poder do cancelamento. Segundo ele, representa uma microfísica do poder, onde grupos conectados decidem quem será julgado e excluído, independentemente de posições privilegiadas.
Inicialmente nascido no antigo Twitter, com a nobre intenção de denunciar casos graves, o cancelamento expandiu-se para outros espaços virtuais, revelando-se como um problema social que transcende a vida online.
Neste ano, aspiramos a encerrar uma era de retórica divisiva, substituindo-a por uma promoção da unidade. Buscando não apenas corrigir erros, mas também quebrar as correntes de uma cultura corrosiva.
É hora de abandonar as palavras destrutivas de cancelamento e ódio, e celebrar a diversidade de pensamento e construir pontes para superar as lacunas que fragmentam nossa sociedade.
É um compromisso profundo de erradicar a frieza e cultivar um jardim de empatia, onde cada flor representa a singularidade de cada ser.