Recorde histórico nas despesas globais com defesa

Exército blindado compra Misto Brasília
Tanque similar a este foi comprado pelo Exército brasileiro da Itália/Arquivo/Reprodução Twitter

No Brasil, também há uma articulação para aumentar os gastos com a defesa e com as Forças Armadas

Por Misto Brasil – DF

A aprovação dos orçamentos nacionais de 2024 de muitos países registrou expansão dos gastos militares, motivada por conflitos recentes como a guerra na Ucrânia e o aumento das tensões no Indo-Pacífico.

Uma tendência mundial de alta que se reflete também em pressões no Brasil, anotou a Agência DW.

No Brasil, alguns políticos e militares estão se articulando para ampliar os gastos militares. Em outubro, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) protocolou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para que o país destine à defesa 2% do PIB.

Militares também citam a escalada de tensões entre Venezuela e Guiana, que fazem fronteira com o Brasil, como um motivo para aumentar as verbas para a área e renovar os armamentos que o país dispõe.

Marcos Barbieri, professor de economia da Unicamp e especialista em indústria de defesa, afirma que a expectativa é que os conflitos atuais tragam maior atenção da sociedade para o tema, e que isso se reflita no Congresso. Ele avalia que seria necessário aumentar as verbas do setor no país.

Segundo cálculos do pesquisador, o Brasil teve, de 2000 a 2018, uma média de gastos com defesa de 1,4% do PIB. No período de 2018 a 2022, no governo de Jair Bolsonaro, a parcela foi reduzida para 1,2%. O gasto “já era baixo, e caiu ainda mais”, diz.

A guerra e a paz custam caro

Entre os integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), há convergência cada vez maior para a meta da aliança de destinar ao menos 2% do PIB à defesa. A Otan estima que 11 de seus países membros atingirão esse patamar em 2023, contra sete do ano passado.

Na Alemanha, que na década passada vinha resistindo a ampliar seus gastos militares, a guerra na Ucrânia levou a uma virada de época entre os alemães sobre como encarar as despesas com defesa. Agora, a expectativa é que o país atinja a meta de 2% em 2024.

O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), organização de referência no mapeamento de gastos militares, identificou em 2022 um recorde histórico nas despesas globais com defesa, de 2,240 trilhões de dólares, 3,7% a mais do que no ano anterior. Dados preliminares indicam que a tendência de alta se manteve em 2023, diz Xiao Liang, pesquisador do programa de despesas militares e produção de armas da entidade.

“Os principais fatores para o aumento das despesas militares, tais como conflitos, tensões geopolíticas e percepções de ameaça, continuam persistindo: a guerra na Ucrânia segue impulsionando as despesas da Rússia e da Ucrânia, bem como de outros países europeus, enquanto as tensões crescentes no Indo-Pacífico estão elevando as despesas na Ásia”, diz.

Além disso, ele aponta que alguns fatores que abrandaram o crescimento dos gastos em 2022, como inflação elevada e crises econômicas, foram menos significativos neste ano, sugerindo potencial para um crescimento mais substancial desses gastos.

Nos Estados Unidos, o Congresso aprovou uma alta de 3% no orçamento militar para o próximo ano, e há ainda a possibilidade de ampliação de verbas para a área.

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