A taxa passou de 12,75% para 12,25% ao ano, em nova decisão unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária
Por Misto Brasil – DF
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu, como previsto, por mais um corte de 0,50 ponto percentual na Selic, a taxa de juros básicos da economia. Veja as repercussões logo abaixo.
A taxa passou de 12,75% para 12,25% ao ano, em nova decisão unânime entre os membros do Comitê. Foi terceiro corte seguido de juros no mesmo ritmo de 50 pontos base.
A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado. O consenso Refinitiv de analistas já aposta em uma redução dos juros para 11,75%.
“O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”
Nota da associação das incorporadoras
A redução na taxa básica de juros (Selic) de 12,75% para 12,25%, conforme anunciada hoje (1°/11) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, é vista pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) como uma medida positiva. Essa redução é considerada importante para o setor imobiliário e o acesso à moradia, uma vez que os juros altos podem impactar negativamente o custo dos financiamentos e, consequentemente, o acesso à habitação.
Além disso, a ABRAINC ressalta a importância de minimizar o impacto adverso dos juros elevados no custo de capital das empresas, especialmente aquelas que dependem de financiamentos para seus projetos. Juros altos podem resultar em custos mais elevados para a população, dificultando a geração de empregos e o crescimento econômico do país.
O presidente da ABRAINC, Luiz França, enfatiza a necessidade de medidas contínuas que promovam a redução das taxas de juros e incentivem o acesso ao crédito para compradores de imóveis. “Essa estratégia não beneficiaria apenas o setor imobiliário, mas também contribuiria para o progresso econômico e social do Brasil, tornando os financiamentos habitacionais de médio e alto padrão mais acessíveis”, explica.
Avaliação da BB Previdência
“A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a taxa Selic em 0,50 ponto sinaliza estabilidade e consistência no ritmo de corte que vem sendo observado desde que o Copom iniciou o movimento de afrouxamento das restrições de política monetária e está em linha com o cenário doméstico de inflação cadente”, avalia Edson Martinho Chini, diretor Financeiro e de Investimentos da BB Previdência, uma das principais entidades de Previdência Fechada Complementar do país, que faz parte do conglomerado Banco do Brasil.
Para Chini, no lado dos riscos domésticos, o país ainda enfrenta um certo pessimismo do mercado sobre a arrecadação do governo para cumprir com as metas do arcabouço fiscal e a perspectiva de atividade mais forte do que o esperado.
Já no contexto global, o executivo observa que “os bancos centrais seguem assumindo medidas de contração monetária com a elevação das taxas básicas de juros a fim de combater o processo inflacionário desencadeado pelas medidas de estímulos durante a pandemia de Covid de 2019 e pela guerra Rússia-Ucrânia, com impactos sobre os preços das commodities”.
Avaliação da analista da Blommberg
Diante da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 12,25% ano, compartilho abaixo o comentário da Adriana Dupita, economista da Bloomberg:
“Como esperado, o BCB não mudou nem de ritmo nem de sinalização. A única mudança no comunicado foi a esperada menção à elevação dos yields americanos e às tensões geopolíticas, e a indicação de que isto pede uma especial cautela na política monetária. Este comentário abre espaço para que o BCB desvie do seu plano de cortar meio ponto a cada uma das próximas reuniões, caso o cenário internacional se deteriore.”
Analistas da Daycoval Asset
De acordo com os analistas da Daycoval Asset, o comunicado do Copom vem em linha com as projeções do mercado de vigilância e cautela com o cenário externo, mas também sem descuidar do contexto brasileiro. O economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, destaca que o comunicado considera todos os cenários e indica que não deve alterar seu “plano de voo”.
“Os riscos fiscais, que já estavam presentes e não foram aumentados (na comunicação) e externos, que foram reconhecidos de forma mais explicita, tiveram pouca influência para a decisão desta semana, resultando na continuidade da sinalização do ritmo de cortes”, analisa Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval Asset.
Cardoso lembra que a projeção da Daycoval Asset para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 está em 4,62%, um pouco abaixo do teto da meta de 4,75%, demonstrando forte desinflação frente a 2022 quando o IPCA fechou em 5,78%. Para 2024, a desinflação deve continuar e a projeção da Daycoval Asset é de 3,75%, mas há riscos no radar.
O Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos, decidiu também nesta quarta-feira pela manutenção da taxa básica de juros norte-americana entre 5,25% e 5,5%. O Fed vem elevando a taxa de juros americana, que hoje se encontra no maior patamar em 22 anos, como forma de conter a inflação no país.
Nota da Firjan
A Firjan considera que o cenário econômico atual proporciona condições adequadas para a redução da taxa básica de juros. Os dados recentes evidenciam dinâmica mais favorável da inflação para o consumidor. As projeções para a inflação, em 2024 e 2025, indicam estabilidade, permanecendo dentro da meta estabelecida. Além disso, os indicadores econômicos de curto prazo sustentam a perspectiva de desaceleração nos próximos trimestres.
No entanto, a Firjan destaca que fatores externos trazem incertezas ao cenário atual. A elevação das taxas de juros nos Estados Unidos tem aumentado a aversão ao risco, o que impacta diretamente os países emergentes. Outro fator determinante é a guerra no Oriente Médio, que trouxe novas preocupações para o mercado de energia.
Mais do que nunca, é fundamental manter o compromisso firme com o equilíbrio fiscal e com as metas estabelecidas. A solvência da dívida pública desempenha um papel crucial no amortecimento dos efeitos das incertezas que permeiam o cenário internacional. A credibilidade fiscal é um pilar essencial para preservar a percepção do risco-país e favorecer a continuidade dos cortes de juros. Nesse contexto, é essencial que o país adote medidas estratégicas para fortalecer sua posição diante dos desafios globais