Quem é o grupo palestino Hamas que atacou em larga escala Isarael

Hamas protesto Cara pintada Misto Brasília
O Hamas é o braço armado na Palestina e tido como terrorista/Reprodução vídeo

O Hamas, ou Movimento de Resistência Islâmica, foi fundado em 1987 durante a primeira Intifada, ou revolta palestina

Por Misto Brasília – DF

O grupo palestino Hamas assumiu o ataque de larga escala que pegou Israel de surpresa neste sábado (07). A ofensiva maciça, que incluiu o lançamento de milhares de foguetes, infiltração e incursão de terroristas armados em território israelense e tomada de reféns, deixou dezenas de mortos.

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O Hamas é classificado como organização terrorista por diversos países, incluindo Israel, Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido e todos os países-membros da União Europeia, informou a Agência DW.

Apoiadores do Hamas incluem o Irã, Síria e Catar. O Catar é um dos principais patrocinadores financeiros e aliados estrangeiros do Hamas, chegando a pagar os salários de funcionários de organizações civis do Hamas. Em 2012, seu emir foi o primeiro chefe de Estado a visitar a liderança do grupo islâmico em Gaza.

Outro apoiador importante do Hamas é o regime fundamentalista islâmico do Irã, que nos anos 2000 passou a ser responsável por um quarto do orçamento do Hamas.

O comandante militar do Hamas, Mohammad Deif, anunciou o início da operação em uma transmissão nos meios de comunicação do Hamas. “Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação do planeta.” Decidimos pôr fim a todos os crimes da ocupação (de Israel), o seu tempo de violência sem responsabilização acabou.”

Em resposta, as forcas israelenses lançaram uma ofensiva aérea contra a Faixa de Gaza, um enclave habitado por palestinos e controlado pelo Hamas desde 2007.

História e ideologia

O Hamas, ou Movimento de Resistência Islâmica, foi fundado em 1987 durante a primeira Intifada, ou revolta palestina.

Sua carta fundadora de 1988 não reconhece a existência de Israel e exige a destruição do estado judeu. Seu emblema mostra o Domo da Rocha de Jerusalém e, entre bandeiras palestinas, o contorno de um Estado palestino incluindo também Israel.

Em contraste com outros grupos militantes palestinos anteriores, como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que adotavam o nacionalismo palestino ou árabe como ideologia, a principal força motriz do Hamas é o radicalismo islâmico e o estabelecimento de um Estado muçulmano em todas as terras habitadas por palestinos e do território israelense.

As origens ideológicas do grupo remontam à Irmandade Muçulmana, movimento fundado no Egito nos anos 1920 e que influenciou diversos grupos radicais islâmicos, incluindo a rede terrorista Al-Qaeda.

O Hamas, no entanto, não atua apenas como um grupo amado, possuindo ainda um braço de serviços sociais chamado Dawah, que dirige escolas, orfanatos, restaurantes populares e clubes esportivos, que atuam sobretudo na Faixa de Gaza, um enclave empobrecido e superpopuloso habitado por palestinos ao sul de Israel.

Lembra a DW, que no âmbito do Processo de Oslo, a OLP de Yasser Arafat selou uma frágil paz com Israel em 1993, desse modo dando fim à primeira Intifada. Porém o Hamas não reconheceu a decisão e seguiu perpetrando atentados em território israelense.

Nas eleições de 2006 na Faixa de Gaza, o Hamas obteve maioria absoluta, consolidada um ano mais tarde por uma espécie de golpe de Estado, que expulsou políticos palestinos moderados do enclave. Desde então, nenhuma nova eleição foi realizada em Gaza, com o Hamas exercendo domínio absoluto na área.

E, desde então, o território também passou a ser submetido a um duro bloqueio econômico por Israel. Segundo organizações de direitos humanos, o Hamas também impôs medidas islâmicas radicais no enclave, como a obrigação do uso do véu pelas mulheres e repressão a outras religiões.

Com o golpe, os territórios palestinos estão separados não só geográfica, como também politicamente, já que a Cisjordânia é governada pelo partido Al Fatah, liderado por Mahmud Abbas. Enquanto isso, a partir de Gaza, o Hamas prossegue os ataques a Israel, definidos como “legítima defesa”, além de ter travado cinco acirrados combates com as Forças Armadas israelenses, em 2008-09, 2012 e 2014, 2021 e agora em 2023. Nessas campanhas, o Hamas lançou ataques suicidas e foguetes contra Israel.