Crise mais grave de Putin desde que se tornou presidente

Rússia presidente Vladimir Putin Misto Brasília
Vladimir Putin é o presidente da Rússia e comanda o país desde 2000/Arquivo

Aparentemente a situação do país está bem confusa e foi exposta pelo motim dos mercenários do Grupo Wagner

Por Misto Brasília – DF

O presidente russo, Vladimir Putin, vivenciou na sexta-feira e no sábado (23 e 24) a sua crise mais grave desde que decidiu invadir a Ucrânia, no início de 2022, e possivelmente desde que assumiu o cargo pela primeira vez, em 2000.

O repórter britânico Luke Harding, do jornal The Guardian, que foi correspondente na Rússia e publicou livros sobre a dinâmica de poder do Kremlin, escreveu que Putin “parece mais fraco como nunca desde que se tornou presidente, em 2000“, e que a sublevação criou “ondas de choque” que continuarão a repercutir por meses.

Ele pontuou que seria ingenuidade minimizar a força dos militares russos, mas que a Rússia agora pode estar às vésperas de um conflito civil, o que reduziria a chance de sucesso da sua invasão da Ucrânia – segundo ele, um “produto de inteligência pobre, pensamento messiânico e isolamento extremo de Putin durante a pandemia”.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, também se manifestou: “Hoje o mundo viu que os mestres da Rússia não controlam nada. Absolutamente nada. Apenas um caos completo“, disse em sua mensagem de vídeo diária – e aproveitou para pedir que países aliados enviem mais armas a Kiev, segundo a Agência DW.

Oficiais de inteligência dos Estados Unidos mencionados pelo jornal britânico The Times, no entanto, manifestaram preocupação com um cenário de caos completo na Rússia, país que detém o maior número de ogivas nucleares do mundo.

Motim chegou a 400 quilômetros de Moscou

Um motim liderado pelo chefe do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, tomou o controle de um quartel-general em Rostov-on-Don, no sul da Rússia, responsável por coordenar as atividades da invasão da Ucrânia.

E enviou um comboio de homens e veículos militares em direção a Moscou, com o objetivo declarado de depor o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior da Rússia.

Putin conseguiu interromper a sublevação armada quando o comboio rebelde estava a 400 quilômetros de Moscou, segundo o jornal The New York Times, ou a 200 quilômetros, na conta de Prigozhin.

Um acordo deu ao chefe dos mercenários a garantia de que nem ele nem seus homens seriam punidos pela intentona, e refúgio a Prigozhin em Belarus. Na manhã de domingo, o recuo dos combatentes do Grupo Wagner se confirmava.

Se o desfecho não foi o ideal para Prigozhin – até o momento, o comando militar russo segue o mesmo –,  tampouco foi para Putin.

A mídia informou que poucas horas depois de o presidente russo ter chamado o motim de uma “punhalada nas costas” e prometer punição exemplar aos envolvidos, o Kremlin anunciou que encerraria o processo criminal aberto pela sublevação contra o chefe do Grupo Wagner.

Seus homens que haviam questionado a autoridade de Moscou. O acordo foi intermediado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.

Ao longo do sábado, observadores de todo o mundo acompanharam a facilidade com que os mercenários assumiram o controle de uma importante instalação militar russa e rumaram para o norte, sem sofrerem perdas significativas no caminho e tendo derrubado helicópteros militares no trajeto, segundo blogueiros russos.

Assista um combate no fronte entre ucranianos e russos