Uma ministra na berlinda

Ministra do Turismo Daniela Carneiro Misto Brasília
Daniela Carneiro é a atual ministra do Turismo/Arquivo/Divulgação
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Sem apoio do União Brasil, partido que está deixando, ela deverá ser demitida do cargo, mas não basta simplesmente afastar a ministra

Por André César – SP

A situação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, a Dani do Waguinho, é praticamente insustentável. Sem apoio do União Brasil, partido que está deixando, ela deverá ser demitida do cargo. Resta saber como se dará a costura política para a operação ser realizada sem maiores traumas para o governo.

Em recente entrevista o marido da ainda ministra, Waguinho (Republicanos), prefeito de Belford Roxo (RJ) e presidente estadual da legenda, afirmou que o casal pagou “um preço muito caro” por apoiar o então candidato Lula (PT) durante a campanha passada. Indo além, ele disse que o União Brasil está “dando um golpe” para colocar bolsonaristas na Esplanada. A mágoa é evidente.

Apenas para lembrar, Waguinho e Daniela foram fundamentais para a vitória do petista na região de Belford Roxo. Além disso, ela foi a deputada federal mais votada do estado do Rio de Janeiro.

O xadrez é complicado para o titular do Planalto. Não basta simplesmente afastar a ministra e colocar um substituto. Será necessário compensar o casal pelo esforço durante a difícil campanha presidencial. Confirmada sua saída, ela deverá receber postos em sua base eleitoral. Pode ser pouco, mas é o que Lula tem condições de realizar, ao menos por ora.

Para piorar o quadro, o União Brasil, partido problemático para o Planalto, pretende indicar o deputado Celso Sabino (PA) para a pasta. Bolsonarista de primeira hora, o parlamentar mantém ligações com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O Centrão amplia seu capital político.

A eventual mudança, no entanto, não garante maior fidelidade da agremiação ao governo na Câmara. O União Brasil está absolutamente dividido com relação ao apoio a Lula. Mesmo assim, mesmo entre petistas há quem defenda o movimento.

O líder do governo no Senado Federal, Jaques Wagner (PT-BA), por exemplo, afirmou que a mudança “tem lógica”. Já a bancada do PT do Rio trabalha pela manutenção da ministra. O jogo está sendo jogado.

Essa situação mostra as dificuldades de se comandar uma aliança nos moldes da chamada “frente ampla” que elegeu Lula em 2022. A disputa por espaço nos primeiros escalões é enorme e, dadas as diferenças programáticas e ideológicas entre os diferentes grupos que integram o governo, em determinados momentos os embates tornam-se sangrentos.

Cantada em verso e prosa, a habilidade política do titular do Planalto está sendo posta à prova. De todo modo, o episódio deixará sequelas.

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