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General diz que Lula concordou em adiar as prisões na noite do dia 8

O militar que chefiou o Comando Militar do Planalto afirmou que o acampamento tinha sido desmobilizado no dia 6 de janeiro

Por Misto Brasília – DF

O general de Divisão Gustavo Henrique Dutra, disse que o presidente Lula da Silva (PT) concordou em adiar para o dia seguinte as prisões previstas no noite dia 8 de janeiro. Depois do ataque no domingo aos prédios dos três Poderes, os manifestantes seguiram a pé para a área da Igreja Rainha da Paz, que fica próximo ao QG do Exército e do Setor Militar Urbano (SMU).

O militar que chefiava na época do Comando Militar do Planalto (CMP), disse que falou por telefone com o presidente e disse que a prisão naquela noite nas proximidades da Praça dos Cristais poderia provocar mortes.



Lula da Silva teria concordado com os argumentos apresentados numa conversa que aconteceu depois das 20h30. Dutra conversou com o ex-chefe do Gabinete Institucional, general da reserva Gonçalves Dias, que passou a ligação para o presidente Lula da Silva.

“Sem planejamento não tinha como fazer as prisões à noite”. Segundo ele, a praça é mal iluminada e pedras e espetos de churrascos largados no terreno poderiam servir como armas.

As declarações foram feitas durante depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa. O Misto Brasília transmite ao vivo a audiência pública. Confira na homepage do site.



O general disse que o acampamento dos bolsonaristas no Setor Militar Urbano tinha sido desmobilizado no dia 6 de janeiro. “Tinha menos de 200 pessoas”, segundo ele, porque os soldados do Exército já tinham retirado as barracas menores. Ele mostrou fotos e vídeos sobre a desmobilização.

O ex-comandante do CMP afirmou que no dia 7 de janeiro chegaram diversos ônibus. Os passageiros foram desembarcados próximo ao QG e os veículos levados para o estacionamento da Granja do Torto.

Os manifestantes não montaram barracas na área do QG do Exército, disse o general. Na noite do dia 8 de janeiro, segundo ele, a área do acantonamento foi cercada por soldados do Exército.



Transe e triagem dos manifestantes

“Havia um nível de transe, um fanatismo. Achavam que o isolamento [por soldados do Exército] era para protegê-las”, disse o general.

No dia 9 de janeiro “ninguém entrou naqueles ônibus sem saber para onde estavam indo”. O general Dutra fez o comentário para desfazer, de acordo com ele, a falta informação de que os manifestantes tinham sido enganados. Houve uma negociação “muito bem conduzida” pela Polícia Militar do Distrito Federal.



Os manifestantes foram levados em cerca de 70 ônibus urbanos até a Academia da Polícia Federal. Foi ali que aconteceram os primeiros depoimentos e a triagem das pessoas que depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.

O general Dutra também disse que não houve discussão acalorada entre o então interventor da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, ou com o ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino. “Em nenhum momento houve obstrução da justiça. “Não houve desavenças”, assegurou.



O militar contou que houve uma reunião fechada com ele e três ministros (Flávio Dino, Rui Costa e José Múcio) na noite do dia 8 de janeiro. Foi na reunião que as primeiras determinações do planejamento da operação militar para o dia seguinte foram tomadas.

O general Dutra disse que foi o ministro da Casa Civil que providenciou os ônibus urbanos para transporte dos manifestantes. Os ônibus que chegaram em Brasília com os bolsonaristas já tinham sido bloqueados por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moras. O ministro também tinha determinado que as prisões deveriam ser executadas em 24 horas.