A economia não é um jogo de soma zero, mas pessoas da direita também fazem o mesmo, só que com outros elementos
Por Mayalu Félix – MA
Eu não ia dizer nada, mas não foi possível. O nível das postagens é raso. Vejo um monte de gente inteligente invalidando a indignação contra o absurdo do sequestro da capivara Filó pelo Ibama porque ninguém luta contra o aborto e porque o PL das fake news pode ser aprovado.
Ou seja: uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas há pessoas que insistem em dizer que se a luta contra o aborto não é devidamente valorizada a culpa é de quem se indignou por causa da injustiça cometida contra o dono da capivara e o próprio animal.
Funciona mais ou menos assim (versão marxista:): se você é pobre, é porque o empresário é rico.
Óbvio, sabemos que isso é uma falácia que já foi devidamente debatida, pois a economia não é um jogo de soma zero, mas pessoas da direita também fazem o mesmo, só que com outros elementos.
Então, se o PL das fake news está em vias de ser aprovado, a culpa é sua, que está comovido com a história da capivara. Não vislumbram nem sequer cogitam que uma coisa não tem nada a ver com a outra: são instâncias diferentes, injustiças que ocorrem em áreas diferentes e que é possível, sim, indignar-se com muitas injustiças ao mesmo tempo (até porque há muitas injustiças ocorrendo ao mesmo tempo).
O problema é que aquele ou aquela “influencer” quer obrigar você a pensar exatamente como ele/ela pensa. Se você elege a luta contra a aprovação do PL das Fake news como prioridade, vai aparecer alguém pra dizer que é um absurdo perder tempo com isso enquanto o aborto acontece e muita gente o defende para que sua prática seja legal.
Ou seja: você só fará a “coisa certa” quando agir exatamente da forma como esses influencers acham que você deve agir, priorizando o que eles acham que é prioridade. Liberdade? Inexiste.
Não adianta explicar (de novo) que dá para ser – ao mesmo tempo – contra o aborto, contra o PL das fake news e contra o sequestro da Filó pelo Ibama.
Não que isso seja mais ou menos importante que a luta contra o aborto, mas qualquer um tem o direito de achar que isso é importante também, sem ser patrulhado e pautado por gente autoritária que no fundo é hipócrita e gostaria, sim, de definir o que deve ou não ser prioritariamente defendido ou combatido por você.
Essas pessoas dizem defender a liberdade, mas gostariam de ter uma ditadura para chamar de sua.