Tragédia de São Sebastião completa um mês

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Bombeiros trabalham em meio a lama no litoral Norte de São Paulo/Divulgação/PMSP
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Moradores que perderam quase tudo estão alojados em pousadas reservadas pela prefeitura

Sobre um monte de escombros na Vila Sahy, em São Sebastião, Eliane Oliveira e o marido observam o vão aberto entre as casas que antes ocupavam o espaço. A tragédia completa um mês.

As construções foram levadas pela enxurrada na madrugada de 19 de fevereiro depois de chuvas recordes no litoral paulista, que deixaram 65 mortos e mais de mil desabrigados na cidade.



No bairro mais destruído pela tempestade, a antiga viela que o casal percorria morro acima, onde morava com os quatro filhos, já não existe mais. No trajeto de ruínas, rombos em paredes expõem objetos guardados dentro de quartos de pessoas que morreram na tragédia.

“É muito triste a gente ver este cenário, essa situação, e a Defesa Civil achar que a gente está seguro aí em cima. Eu não vou voltar”, diz Oliveira à DW.

Na noite anterior ao encontro com a reportagem, o casal havia recebido a informação de agentes da Defesa Civil estadual de que poderiam retornar. A casa alugada por R$ 1.300 no alto do morro, de dois quartos, recebera uma nova classificação indicando que não apresentava risco iminente.



“O fundo da casa é um buraco. Lá não tem água. Meus filhos estão traumatizados, começaram a chorar quando disseram que a gente podia voltar”, relata Oliveira.

Na madrugada da tragédia, elas desceram o morro junto com a enxurrada com a caçula de dois anos no colo. O filho de 14 anos sofreu um corte na perna e levou 12 pontos.

Abrigados provisoriamente numa pousada custeada pela prefeitura, a família não sabe até quando poderá permanecer ali. “Nós não temos para onde ir”, diz Oliveira.



Numa outra pousada, Jaqueline Carvalho, gestante, ouviu dos mesmos representantes da Defesa Civil que tem que deixar o local até esta segunda-feira (20). A situação da casa onde morava com os dois filhos na vila, que já tinha rachaduras, se agravou depois das chuvas e ela não tem segurança para retornar.

“Acho que eles querem que eu volte para lá pra que aconteça alguma tragédia. Estou desesperada”, declara Carvalho à Agência DW.

Em Bertioga, quem aguardou anos na fila para se mudar para os apartamentos populares protestou contra a chegada dos desabrigados de São Sebastião. “Foi horrível, as pessoas xingaram a gente. Eles estão com medo de a gente ficar lá e eles perderem a casa”, conta Dantas.


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