Jovem Pan demite comentaristas depois das invasões nas sedes dos três Poderes, mas os problemas vão além da emissora
Por Gilmar Corrêa – DF
O Jornalismo brasileiro há algum tempo debate o seu futuro e sua credibilidade. Os acontecimentos políticos dos últimos meses intensificaram esse debate.
O último capítulo foi a demissão de seis “comentaristas” da Jovem Pan, emissora que se notabilizou em defesa do governo Jair Bolsonaro. Em mementos mais dramáticos, segundo os opositores, os comentaristas chegaram até mesmo a defender uma intervenção no governo.
A lista de demitidos com grande influência entre os bolsonaristas estão Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo, Zoe Martinez, Marco Antonio Costa, Fernão Lara Mesquita e o coronel Gerson Gomes. Na semana passada, foi afastado da direção do grupo, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha.
Para azeitar ainda mais as críticas com a cobertura jornalística, o jornalista norte-americano radicado no Brasil, Glenn Greenwald, botou mais pimenta no angu. Greenwald já foi um ícone da esquerda ao denunciar o governo e seus gestores.
Desta vez, fez críticas ao oba-oba no novo governo. “O regime de censura no Brasil está crescendo rapidamente, praticamente diariamente agora. Acabamos de obter uma ordem de censura que é genuinamente chocante, instruindo várias plataformas de mídia social a remover imediatamente vários políticos e comentaristas proeminentes”.
Felippo Studzinski, doutor em inteligência artificial, num artigo publicado no último dia 13, no jornal O Sul, escreve que o ponto central é a análise do papel da mídia (radio, tv, jornais e plataformas de notícias).
E claro, das redes sociais, da internet, e dos mecanismos de comunicação de massa usados para a construção dessas “seitas” nutridas de fake news e discursos de ódio. E adverte: “o tema é delicadíssimo”.
“Justificam-se as reações de setores do jornalismo e da sociedade quando pedem atenção à ideia tentadora de um controle estatal da mídia que possa abrir brecha para modos de censura e criminalização do jornalismo crítico. Seria puxar o cobertor para um lado e descobrir o outro”.
Em meio a uma crise de credibilidade sem precedentes, há um grave problema de financiamento do trabalho jornalístico.
Para a Abraji, um texto publicado em 2021, segundo uma pesquisa publicada no mesmo ano, a principal fonte de receita dos veículos entrevistados da América Latina é proveniente de subvenções privadas ou de organizações filantrópicas, representando 32% do fluxo total de caixa.