Populismo de irmãos brancos – o voto contra a barbárie

Bolsonaro, padre Paulo Antonio e Silas Malafaia
Bolsonaro, padre Paulo Antonio e o pastor Silas Malafaia/Arquivo/Divulgação

A fase atual do nosso populismo fez regurgitar o pior do país: o segregacionismo, o racismo, a misoginia

Por Vinício Carrilho Martinez e André Pereira César

Pensemos o “voto útil” um pouco de acordo com as nossas premissas histórico-culturais, sem que ainda tenhamos tido a ocorrência mais significativa da Revolução Burguesa, sem que haja a efetividade do Estado de Direito – como vemos na insuficiente fruição das próprias instituições de Estado e de defesa da Democracia, inclusive assegurando-nos a diferenciação exigente (constitucionalmente, eticamente) entre governo e Estado.



A fase atual do nosso populismo, com o cometimento de crimes políticos, ameaças generalizadas à democracia e aos direitos fundamentais, afrontas sistemáticas à Constituição, fez regurgitar o pior do país: o segregacionismo, o racismo, a misoginia, a proposição de um suposto “crime de misandria” (criminalização do feminismo), a fome que dizima 30 milhões de pessoas no “país que alimenta o mundo” e tantas outras coisas. Neste sentido, denominamos aqui o nosso estágio atual de Populismo de Irmãos Brancos, fascistas na essência, machistas e racistas.

Pois bem, o que temos exatamente hoje é esse embate, entre o barbarismo sócio-histórico – numa ponta da tal “polarização” que nos remete a priscas eras do Capitão do Mato – e outra revisionista, quase centrada nos ideais da “direita liberal”. No fundo, temos a “polarização” entre civilização (mesmo que esta venha negociada entre direita e esquerda, mercado e Democracia) e barbárie, e daí se apregoe o voto útil, no encerramento do Populismo de Irmãos Brancos (vulgo Racial-Fascismo) e seu devido enquadramento judicial nos rigores da lei.


Quem se aproxima ou defende o voto útil, no dia 2 de outubro, certamente, tem em mente a disputa ferrenha entre dois significados de espaço público, as formas de sociabilidade, o respeito aos direitos e à diferença e diversidade (ou não). Portanto, neste momento – assim como em 2018 –, estamos pautados por uma luta política que vai muito além de esquerda e de direita.

O que podemos indagar, em suma, é se estamos nos estertores do “nosso” Populismo de Irmãos Brancos – vertente armada do “trumpismo”: machista, racista, elitista, indefensável republicanamente – ou se o povo ainda emitirá um segundo turno, uma segunda chance, ao descalabro, ao irracionalismo, à apologia ao ódio social.



Certamente, as apostas em torno do voto útil nos trarão essa resposta, bem como nos delegarão muitas outras questões para o final de 2022 e para os próximos quatro anos.
Com a palavra, o eleitor – sendo que as eleitoras já decidiram e embarcaram na campanha pelo voto útil contra toda essa série de coisas inomináveis.

(Vinício Carrilho Martinez é cientista social e André Pereira César é cientista político e articulista do Misto Brasília)


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