Peskov explicou que na reunião entre os dois presidentes serão abordadas as relações bilaterais
O porta-voz da presidência da Rússia, Dmitry Peskov, disse nesta segunda-feira (14) que o país espera com “impaciência” a visita do presidente Jair Bolsonaro (PL), a partir desta quarta-feira (16). A viagem tem sido amplamente criticada, no Brasil e em outros países, inclusive por aliados de Bolsonaro, por ocorrer num momento inoportuno, em meio à escalada nas tensões no Leste Europeu, com possibilidade de um ataque da Rússia à Ucrânia.
Peskov explicou que na reunião entre os dois presidentes serão abordadas as relações bilaterais”, já que existe uma “agenda bastante ampla”. “Também se falará de esferas potenciais, e se pode ser aprofundada e ampliada a interação”, informou a DW.
De acordo com o porta-voz, o diálogo russo-brasileiro será uma “boa oportunidade para trocar opiniões sobre os temas mais candentes da agenda mundial, incluindo aqueles de que falamos faz bastante tempo”, numa referência à situação da Ucrânia. Putin e Bolsonaro concederão uma entrevista coletiva conjunta logo depois a reunião, acrescentou.
Bolsonaro embarca para a Rússia na noite desta segunda-feira. O presidente prometeu a apoiadores uma transmissão ao vivo assim que chegar a Moscou, na noite seguinte. Na quarta-feira, tem encontro marcado com Putin e empresários locais. Depois, segue para a Hungria, onde deverá se encontrar com o primeiro-ministro Viktor Orbán.
A visita de Bolsonaro deve se concentrar em assuntos como “energia, defesa e agricultura”, segundo o próprio presidente.
No sábado, Bolsonaro confirmou a viagem a Moscou, com uma comitiva de ministros: “Fui convidado pelo presidente Putin. O Brasil depende muito dos fertilizantes russos. Levaremos também um grupo de ministros para tratar de outros assuntos que interessam aos nossos países, como a energia, a defesa e a agricultura”, disse no sábado, em entrevista à rádio Tupi. “Pedimos a Deus que a paz reine no mundo para o bem de todos nós”, acrescentou o presidente.
Os Estados Unidos pressionaram, sem sucesso, para que a viagem fosse cancelada. Segundo a Casa Branca, o momento da visita pode passar a mensagem de que o Brasil apoia a Rússia na questão da Ucrânia, justamente quando os países do Ocidente tentam isolar Putin e tentar uma solução diplomática para o conflito. Alguns interlocutores afirmam que Bolsonaro decidiu manter a viagem para não dar a impressão de que é submisso aos americanos.