Sociedade historicamente baseada no patriarcado, com homens detendo todo o “controle” e poder
Texto de Isadora Lira
Sempre que uma mulher se mostrou eloquente, firme e capaz, foi tachada como louca, ou nesse caso, “descontrolada“, adjetivo usado para aquela que não se consegue controlar, conter, ou até mesmo manipular. Eu, particularmente, tenho certa afeição pelo termo. Acredito que representa bem o contexto de mulheres lutando por seus direitos em uma sociedade historicamente baseada no patriarcado, com homens detendo todo o “controle” e poder.
Sem aquelas que quebraram padrões, as “mulheres descontroladas”, que lutaram por igualdade e respeito, onde estaríamos agora? Provavelmente, regidas por leis que dão aos homens poder sobre nossas escolhas. Presas em casa, proibidas de estudar, de votar, de dizer sim ou não ou escrevendo livros com pseudônimos, pois, quem leria um livro escrito por uma mulher?
A recente fala de um homem, ministro, “A senhora está totalmente descontrolada”, contra uma mulher, senadora, fez reacender a importância de falarmos sobre a necessidade masculina de deter o controle, expondo como pensamentos misóginos e retrógrados enraizados em uma esfera política e social. Esse episódio absurdo representa a ideia antiquada de que uma mulher deve conter-se na fala, manter a voz baixa e usar palavras singelas para que “naturalmente” eles, os homens, se sobressaiam e estimulem uma única intenção: controlar.
E é exatamente por isso que acredito em mulheres “descontroladas”, desmontadoras de padrões segregadores em uma sociedade que as quer impor, de alguma forma, uma submissão. Estas merecem total apoio, pois, sem elas não estaríamos onde estamos.