Nota de Bolsonaro frustra aliados e oposição fica desconfiada

Manifestação bolsonarista
A imprensa europeia criticou o oportunismo de Bolsonaro/Reprodução

A mídia informou que o filho Carlos estava com o presidente quando a declaração foi publicada

Não é a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recua de uma ofensiva contra outros Poderes. Em maio de 2020, ele já havia dito “ordens absurdas [do STF] não se cumprem” durante outro episódio de tensão com o STF, quando o Tribunal apertava o cerco contra bolsonaristas suspeitos de atuarem como divulgadores e financiadores de fake news.

Na ocasião, ele adotou um tom mais ameno no dia seguinte, diante da má repercussão das sua falas. O roteiro foi o mesmo em ofensivas contra o STF e governadores nos mais de dois anos de governo Bolsonaro, num padrão repetitivo de ataque e recuo tático, que mobilizou regularmente a base radical bolsonarista no decorrer das crises. A mídia informou que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, estava no Planalto quando o pai divulgou declaração à nação de pacificação.



Desta vez, porém, a publicação do texto gerou má repercussão em redes sociais da base extremista do presidente, que esperava que Bolsonaro continuasse a manter a ofensiva contra o STF sem qualquer recuo. Após a publicação da nota, o comentarista bolsonarista Rodrigo Constantino escreveu em seu Twitter: “O sistema declarou guerra ao povo. O presidente sucumbiu ao sistema”. “Bandeira branca”, escreveu o influencer bolsonarista Leandro Ruschel. O mesmo tom se repetiu em publicações de outros ativistas bolsonaristas.

A nota também não convenceu membros da oposição. “Ou Jair Bolsonaro mentiu para seus seguidores no 7 de Setembro ou ele está mentindo para todos os brasileiros com a nota divulgada hoje. O fato é que o presidente não tem palavra, o Brasil não tem governo e Bolsonaro não pode continuar no Palácio do Planalto”, escreveu o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ).

Enfrentando queda constante de aprovação, economia em crise, pandemia, o fantasma de um apagão energético, insatisfação crescente entre o empresariado e denúncias de corrupção, Jair Bolsonaro usou o 7 de Setembro como uma tenativa de demonstração de força, convocando sua base radical a tomar as ruas contra o STF.



O foco das falas do presidente durante os atos foi especialmente dirigido aos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso – este também presidente do TSE –, que são com frequência tratados como inimigos pelo presidente e sua base.

O blogueiro Alan dos Santos, bolsonarista de primeiro costado, escreveu: “Em nota oficial, Bolsonaro pediu desculpas pelas palavras no calor do momento.  Na CNN, Temer afirma que escreveu a nota. Game over”.

O colunista Lauro Jardim informou que a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou que ficou frustrada como no dia que Moro pediu demissão.




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