Cristo disse: Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que compartilham

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Passamos a ter uma vida paralela com as novas tecnologias/Arquivo

Cientistas fizeram um profundo estudo sobre o compartilhamento de notícias falsas, as fake news

Texto de Charles Machado

Que tempo são esses, em que o compartilhamento de fake news, vira maioria, nas redes sociais? O fato é tão significativo que cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) produziram um fantástico estudo sobre a matéria, concluindo que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais gente, isso mesmo, as mentiras são turbinadas.

Os cientistas que produziram o estudo, analisaram todas as postagens que foram verificadas por seis agências independentes de checagem de fatos e que foram disseminadas no Twitter desde 2006, quando a rede social foi lançada, até 2017. E nos 11 anos de conteúdo estudado foram mais de 126 mil postagens replicadas por cerca 3 milhões de pessoas.

Os cientistas concluíram que cada postagem verdadeira atinge, em média, mil pessoas, enquanto as postagens falsas mais populares aquelas que estão entre o 1% mais replicado atingem de mil a 100 mil pessoas. No entanto, os padrões de disseminação das informações falsas que foram detectados foram os mesmos em diversos países, ou seja não é preferência de ninguém, logo não precisamos ter complexo.



Claro que espalhar mentiras tem seu foco preferido, ou a crença no pior, que no caso sempre recai sobre os políticos, pois de acordo com o estudo, quando a notícia falsa é ligada à política, o alastramento é três vezes mais rápido. As pesquisas também identificaram a força dos robôs, “social bots”, que curiosamente tem o mesmo efeito ao acelerar uma notícia falsa ou verdadeira. Logo concluímos que as notícias falsas se espalham mais que as verdadeiras porque os humanos, e não os robôs gostam de divulgá-las.

E qual o perfil de quem espalha as notícias falsas majoritariamente? Bem não são as que tem mais seguidores, mas sim as pessoas menos populares, será que movidas pela necessidade de ganharem popularidade? Um bom estudo para psicologia, eu imagino.

Quem de nós já não ouviu, na boca de um amigo, parente ou professor que “as redes sociais democratizaram a informação”, ou que “deram voz as minorias”. Definitivamente são frases belas, tal qual encontramos em muitos preâmbulos de constituições de países totalitários.



Se a intenção era dar voz, o gesto sofre hoje e amanhã a força da lógica comercial, dos robôs das milicias e da propagação ingênua dos que querem acreditar das mentiras com aparência de verdade. E quase sempre, todo boato e delírio surgem com essas frases de efeito: “Veja antes que a Globo apague”,“O Supremo está querendo caçar esse vídeo!”

Por vezes a política consegue transformar eleitores em seguidores cegos, que mais do que na verdade estão preocupados em fortalecer o ponto de vista do seu líder, ainda que ele não seja nem messias e nem salvador.

Afinal o último messias, o verdadeiro, morreu crucificado, e o povo entre a sua maioria, quando lhe foi dado a escolher entre salvar o Cristo ou o ladrão, acabou escolhendo salvar o ladrão. Imagino que hoje ao ler tantas fake News, ele que foi vítima de muitas delas estaria assim clamando ao ler algumas: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que compartilham.

(Charles Machado é advogado e consultor com atuação em São Paulo e Florianópolis)


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