O “jeitinho brasileiro” e a cordialidade que mata

Escravidão brasileiro cordial desenho
Na atual acepção da cordialidade brasileira, o adversário político se torna objeto de ódio e rancor/Jean-Baptiste Debret / Reprodução

Na atual acepção, o adversário político se torna objeto de ódio e rancor

Texto de Isadora Lira

Sérgio Buarque de Holanda, um dos grandes nomes da Sociologia brasileira, acrescentou com uma de suas maiores obras, Raízes do Brasil (1936), a ideia de “Homem cordial” ao pensamento sociológico brasileiro.

Sérgio, depois de uma temporada trabalhando no exterior, começa a ver o homem brasileiro como o mais cordial da espécie, que age de forma emocional, com finalidade de agradar aqueles que o assistem. É importante lembrar que, para Sérgio, o termo “cordial” não é entendido como algo que gera benefício. Ele ressalta que a palavra (originada do latim com o significado de coração) é atribuída ao uso de determinada manipulação e usada como uma máscara para encobrir relações de crueldade e injustiça.

Hoje, pode-se atribuir essa ideia ao cenário atual brasileiro. Um país com altos índices de preconceito, racismo, machismo e homofobia, que, no dia-a-dia, ainda são usados como material para fazer as pessoas rirem. O machismo patriarcal, escondido atrás de relações sentimentais, acaba, por sua vez, contribuindo com o aumento das taxas de feminicídio no país.



O ano de 2021 apresenta altas persistentes nos números relacionados à mortes violentas. Entre janeiro e dezembro de 2020, cerca de 1.800 mortes foram causadas por parceiros ou ex-parceiros de suas vítimas. Comparando o mesmo mês dos anos de 2020 e 2021, houve um aumento de 37% nos casos de feminicídio. Na metade do ano de 2021, o número de mortes contra mulheres já ultrapassou a marca de 1.300 mortes.

Com uma cultura antiga enraizada em falas e comportamentos de homens e mulheres, o que pode ser feito para a diminuição desses números horripilantes é a reeducação em respeito a vida, corpo e vontade da mulher.

O livro “Combater o machismo para unir a classe”, de Mariúcha Fontana, trata sobre estratégias para o combate das condutas de opressão contra a quaisquer grupos ameaçados pela suposta “superioridade patriarcal”. O livro é uma ótima e curta leitura para criar embasamento na hora de repensar até as nossas próprias atitudes.


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