Alguns aspectos da reforma ministerial

Senador Ciro Nogueira
Ciro Nogueira é senador pelo estado do Piauí/Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pré-candidato ao governo do Piauí, o senador poderá não ter tempo para se ocupar da campanha eleitoral

Texto de André césar

É inegável que a reforma ministerial prestes a ser implementada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) terá grande impacto sobre os rumos da política. Com as mudanças, o titular do Planalto busca a blindagem total contra o impeachment e, ao mesmo tempo, começa a pavimentar o caminho da campanha eleitoral que se avizinha.

A peça central da dança de cadeiras no primeiro escalão é o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional de seu partido e uma das principais lideranças do Centrão. Ele deverá ocupar uma de duas pastas – Casa Civil ou Secretaria-Geral da presidência.

Caso Nogueira ocupe a Casa Civil, ele terá em mãos o coração e o cérebro do governo. Sem falsa retórica, tudo passa pelo ministério, talvez o de maior visibilidade da Esplanada. Pré-candidato ao governo do Piauí em 2022, o senador poderá não ter tempo para se ocupar da campanha eleitoral em função das atividades na Casa Civil. Daí ganha espaço a Secretaria-Geral da presidência.



Nesse ministério, o presidente do PP manterá interlocução permanente com o Congresso Nacional, mas não tratará das questões administrativas do governo. Assim, teria tempo e espaço suficientes para construir sua candidatura – e melhoraria as relações entre Executivo e Legislativo, dada a natureza do cargo.

O ingresso de Nogueira na Secretaria-Geral teria ainda outro aspecto positivo para Bolsonaro – ao manter o general Ramos na Casa Civil, uma possível crise com os militares seria contida.

Já a ida de Onyx Lorenzoni para a recriada pasta do Emprego e Previdência representa um prêmio que Bolsonaro concede ao fiel aliado gaúcho, que já se tornou uma espécie de curinga do governo. Por outro lado, perde o ministro da Economia, Paulo Guedes, que assiste ao início do desmembramento de seu ministério – não estão descartadas as recriações de outras duas pastas, Planejamento e Indústria e Comércio. O “Posto Ipiranga” vai ficando sem combustível.

Em suma, a reacomodação em curso coloca definitivamente o Centrão no Planalto. Resta saber se a renovada aliança durará até o final do mandato de Bolsonaro.


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