Ministro da Defesa teria usado intermediários para pressionar o presidente da Câmara
O ministro da Defesa, Braga Netto, não respondeu às perguntas dos jornalistas na manifestação que fez há pouco sobre uma suposta pressão para que seja votado o projeto do voto impresso. Leu apenas uma nota (veja logo abaixo), onde garante que “não se comunica” com os Poderes da República.
A reportagem publicada hoje no O Estado de São Paulo, que não citou fontes, criou constrangimentos entre as autoridades diante de manifestaçòes cada vez mais constantes contra a democracia.
Em nota, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) afirma que se houve realmente esta pressão sobre o presidente ds Casa, Arthur Lira (PP-AL), o general da reserva “se afasta do seu juramento militar e envereda por um golpismo“.
Há pouco, lira escreveu no Twitter “que despeito do que sai ou não na imprensa, o fato é: o brasileiro quer vacina, quer trabalho e vai julgar seus representantes em outubro do ano que vem através do voto popular, secreto e soberano”. O deputado Fábio Trada (PSD-MS) disse que Braga Netto precisa ser demitido se “ameaça golpista” for confirmada
Nota 1
Em relação à matéria publicada em veículo de imprensa, no dia de hoje, que atribui a mim mensagens tentando criar uma narrativa sobre ameaças feitas por interlocutores a Presidente de outro Poder, o Ministro da Defesa informa que não se comunica com os Presidentes dos Poderes, por meio de interlocutores.
Trata-se de mais uma desinformação que gera instabilidade entre os Poderes da República, em um momento que exige a união nacional.
O Ministério da Defesa reitera que as Forças Armadas atuam e sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições nacionais, regulares e permanentes, comprometidas com a sociedade, com a estabilidade institucional do País e com a manutenção da democracia e da liberdade do povo brasileiro.
Acredito que todo cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo e no Legislativo em todas as instâncias.
A discussão sobre o voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso é legítima, defendida pelo Governo Federal, e está sendo analisada pelo Parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema.
Walter Souza Braga Netto
Ministro de Estado da Defesa
Nota 2
Numa democracia, quem decide se tem ou não eleição não são os militares e sim a Constituição que eles juraram defender e cumprir. Portanto, se realmente houve o episódio, o ministro da Defesa, Braga Neto, se afasta do seu juramento militar e envereda por um golpismo que precisa ser combatido duramente pela sociedade, pelos Poderes e pelas instituições democráticas. A notícia de que o presidente Arthur Lira foi claro ao presidente Bolsonaro se postando ao lado da Democracia e da Constituição é uma questão importante.
Marcelo Ramos, deputado PL, vice-presidente da Câmara dos Deputados