CPI da Covid Roberto Ferreira Dias

Aziz manda prender ex-diretor de ministério por falso testemunho

Ordem partiu depois que Roberto Dias teria mentindo. Ele deverá pagar uma fiança para ser libertado

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), deu voz de prisão para o depoente, o ex-diretor de Logística, Roberto Dias. A decisão foi tomada porque Aziz considerou que Dias havia mentindo reiteradamente à CPI, ao afirmar, por mais de uma vez que ele [Dias] não teve responsabilidade na negociação da vacina indiana Covaxin. Aziz alegou prisão em flagrante para falso testemunho, contou o Congresso em Foco.

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“Temos 527 mil mortos e os cara brincando de negociar vacina. Por que que ele não teve esse empenho pra comprar que era de responsabilidade deles naquela época. Por quê? Ele está preso por mentir e se eu estiver tendo abuso de autoridade, que advogada dele ou qualquer outro senador me processe, mas ele vai estar detido agora pelo Brasil. Nós não estamos aqui pra brincar não, para ouvir historinha de servidor que pediu propina. Isso que está acontecendo não vai acontecer mais. E todo depoente que estiver aqui, que achar que pode brincar, terá o mesmo destino dele e que recorra na justiça, mas ele está preso e a sessão está encerrada”.

“O depoente vai ser recolhido pela Polícia do Senado. Ele está mentindo desde cedo e tem coisas que não dá para admitir. Chamem a Polícia do Senado”, proferiu Aziz.


Ao pedir a prisão, Aziz afirmou que Dias mentiu ao colegiado ao longo de seu depoimento. “Ele vai ser recolhido agora pela polícia do Senado. Ele está mentindo desde a manhã, dei chance para ele o tempo todo. Pedi por favor, pedi várias vezes. E tem coisas que não dá para… os áudio que nós temos do Dominghetti são claros”, disse Aziz.

É a primeira vez que Aziz pede a prisão de um depoente desde o início da CPI da Covid. Dias foi levado pela Polícia Legislativa depois de Aziz dar voz de prisão.

“Todo depoente que estiver aqui e achar que pode brincar terá o mesmo destino”, disse Aziz. A sessão foi encerrada logo depois.

A ordem do presidente da CPI ocorreu após o colegiado reproduzir áudios que reforçam suspeitas de participação de Dias em um esquema fraudulento de venda de vacinas.

Os aúdios, publicados no site da CNN Brasil, foram encontrados no celular do PM Luiz Paulo Dominghetti, que prestou depoimento na semana passada e teve o aparelho apreendido. Na ocasião, ele acusou Dias de cobrar propina durante um encontro de negociação de vacinas.

No seu depoimento, Roberto Dias negou que tenha pedido propina ao policial militar, mas confirmou que conversou com ele num shopping de Brasília. Segundo Dias, a reunião aconteceu acidentalmente, enquanto ele tomava um chope com um amigo.

Em coletiva, após a reunião, o vice-presidente da Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que após pagamento de fiança Dias deve ser solto e completou “agora não cabe mais à CPI”. Ele também negou divisão no grupo majoritário, o chamado G7, que reúne parlamentares de oposição.

O senador Humberto Costa (PT-PE) comentou que Aziz havia dito que a paciência com “mentiras” durante os depoimentos estava acabando e indicou que a decisão do presidente inaugura uma postura mais firme da CPI.