O protagonismo e o patriotismo dos negros do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai, o maior conflito armado internacional na América Latina de 1864 a 1870, foram decisivos. Apesar de pouco lembrada, a presença de afrodescendentes na história militar do país é significativa, marcada por bravura e heroísmo.
Os relatos estão no novo livro Kamba’Race: Afrodescendências no Exército Brasileiro, do jornalista Sionei Ricardo Leão. Editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), a publicação será lançada em evento virtual da entidade, nesta quinta-feira (27), com transmissão neste portal e nas redes sociais, a partir das 20h30.
O livro é resultado de um estudo realizado durante 20 anos, desde 1999, que também apresenta uma relação inédita de poucos generais negros brasileiros. Em 2005, a pesquisa também foi usada na produção de documentário do mesmo nome, que recebeu o Prêmio Palmares de Comunicação, realizado pela Fundação Palmares e Ministério da Cultura.
O nome da pesquisa se refere ao lugar onde a tropa paraguaia assassinou soldados brasileiros com cólera, em uma região de Mato Grosso do Sul. De acordo com o autor, moradores relatam que, na área de uma clareira, ouvem os gemidos dos homens que ali foram sacrificados. “Portanto tornou-se comum na região divulgar que aquele lugarejo é mal-assombrado”, escreve o autor.
Kamba, no idioma guarani, significa “negro”; race, “choro”, “lamento”. “Ainda hoje, você ouve o gemido, o choro, dos negros que morreram. É até uma metáfora sobre a população negra, que continua sofrendo, o grito continua ecoando”, afirma, em entrevista ao portal da FAP. “O livro é um registro de valorização da população negra, que continua contribuindo para o país e precisa ser reconhecida por isso”.