Brics reafirma apoio ao ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da ONU

Jair Bolsonaro Brics
Bolsonaro durante a última conferência virtual dos países que pertencem ao Brics/Divulgação

Texto de Marcelo Rech

No dia 17, realizou-se a XII Cúpula do Brics, concluída com a emissão da Declaração de Moscou. Neste evento, ao contrário do que muitos veículos de comunicação enfatizaram, Rússia, Índia, China e África do Sul, endossaram o apoio ao ingresso do Brasil como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Ainda que este processo esteja parado e fora do radar das grandes potências, o noticiário no Brasil tergiversou, mais uma vez, sobre suas conclusões com o objetivo explícito de ridicularizar o presidente e sua política externa. É fato que o Itamaraty tem implementado uma política exterior que nos tira de um extremo e nos leva para outro, mas isso não é justificativa para que a desinformação seja a prioridade.

Agir deliberadamente em favor da desinformação com o objetivo de gerar desgastes e prejuízos que atinjam o governo, é algo que deveria ser fortemente condenado.

O Brics, segundo a Declaração de Moscou, diz, em seu item 7: “Congratulamos a Índia por sua eleição como membro do Conselho de Segurança da ONU para o mandato 2021-2022, e louvamos a África do Sul por sua contribuição como membro do Conselho de Segurança da ONU em 2019-2020. Também reconhecemos a candidatura do Brasil como membro do Conselho de Segurança para o biênio 2022-2023. Será uma oportunidade para aprimorar mais o diálogo com os países do Brics sobre questões na agenda do Conselho de Segurança da ONU e para a cooperação continuada dos países do Brics em áreas de interesse mútuo, inclusive por meio de intercâmbios regulares entre suas Missões Permanentes nas Nações Unidas e em outros fóruns internacionais”.

É fato que os interesses comuns do bloco não são exatamente os mesmos de cada um de seus membros. Mas isso é algo natural, não se configura, necessariamente em problema. Na essência, os países que integram o bloco, coincidem em suas posições acerca dos grandes temas da agenda internacional. Ao apoiar o ingresso do Brasil como membro permamente do CSNU para o período 2022 – 2023, o Brics destaca a oportunidade que será dada ao aprimoramento do diálogo em torno da reforma do Conselho, tão urgente quanto necessária.

A exemplo de outros fóruns, o Brics também foi impactado pela pandemia e viu reduzidas as suas margens de manobra, mas insistir em que o bloco trata de isolar um dos seus principais integrantes, chega a ser lamentável. Apenas no capítulo Política e segurança, são 31 parágrafos contemplando todos os principais eventos em curso no planeta. O Brasil participou, influiu e ajudou a redigi-los.

No total, 138 reuniões foram realizadas apenas durante a presidência russa do bloco, abarcando desde temas geopolíticos, econômico-comerciais, até as agendas culturais e as prioridades para as políticas sociais no âmbito dos seus integrantes.

O Itamaraty pratica, sim, uma política ideológica quando o ideal seria resgatar a política externa de Estado, implementada de acordo com o interesse nacional e blindada dos arroubos político-eleitorais. Mas o Brasil jamais será isolado ou terá sua voz ignorada ou calada, mesmo que este seja o desejo de grande parte daqueles que apostam no caos por razões políticas.

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