Texto de André César
A quem interessa preservar de fato o meio ambiente? Não ao governo Bolsonaro, está mais que evidente. As recentes medidas anunciadas pelo ministro da área, Ricardo Salles, vão na contramão de tudo o que se deseja. O Brasil se isola ainda mais.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) revogou ontem duas resoluções que delimitam as áreas de proteção permanente de manguezais e de restingas do litoral brasileiro. Na prática, abre-se espaço para a especulação imobiliária e ocupação de mangues para produção de camarão. Um grande passo para trás.
Em defesa, o governo alega que havia sobreposição de legislações. Ele conta com o apoio de um grupo (bastante) minoritário de empresários interessados em investir no setor.
A decisão vai contra a fala do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, ocorrida dias atrás. Na ocasião, ele afirmou que poucos países protegem tanto o meio ambiente quanto o Brasil. A comunidade internacional, é claro, não acredita nessa retórica.
Apenas para relembrar, e repetir um chavão, de referência mundial, o Brasil rapidamente passou à condição de pária na questão ambiental. As queimadas na Amazônia e no Pantanal repercutem em todo o planeta, e os índices de desmatamento não param de subir. Investidores locais e estrangeiros mostram pouca disposição em aplicar no país. O governo, por seu lado, fecha os olhos e os ouvidos.
Na verdade, o Planalto sentirá os efeitos de sua política apenas quando todos – países, investidores, ONGs, sociedade civil em geral – saírem do discursos e passarem a adotar medidas efetivas de punição ao Brasil. Somente a partir disso o jogo poderá mudar.
Enquanto isso, os condutores das políticas ambientais (Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão, o ministro Salles, entre outros) seguem com o negacionismo. O preço disso pode ser muito alto para todos. Para o planeta, inclusive.