O governo do presidente Jair Bolsonaro cedeu mais uma vez e entregou para o centrão a presidência do Fundo Nacional da Educação (FNDE), com a nomeação do chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (PI) presidente do PP, para o cargo. A nomeação de Marcelo Lopes da Ponte saiu nesta segunda-feira no Diário Oficial. O FNDE, um dos cargos mais cobiçados pelo centrão, tem um orçamento este ano de R$ 54 bilhões e é responsável por programas que cuidam de livros didáticos, merenda escolar, e também por construções de creches e compra de equipamentos para escolas.
Nogueira, hoje um dos principais expoentes do Centrão, tem coordenado com o Palácio do Planalto as indicações do bloco para cargos no governo. O senador é um dos denunciados na operação Lava Jato, acusado de ter pedido recursos à Odebrecht para suas campanhas eleitorais e do PP em 2010 e 2014, em valores que chegariam a R$ 7 milhões.
No Banco do Nordeste, deverá assumir Alexandre Borges Cabral, que foi presidente da Casa da Moeda entre 2016 e 2019. Ele é apadrinhado político do chefão do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, também investigado pela Lava Jato.
Dentro da Lava Jato, o PP foi um dos principais partidos envolvidos em desvio de recursos da Petrobras, ao ponto de parte da investigação ter ganho o apelido de “quadrilhão do PP”, dada a quantidade de parlamentares da legenda denunciados. Lopes é o sétimo nome indicado pelo centrão a obter um cargo no governo.
Até agora, além do PSD, Avante, PSC, Republicanos e PL, já foram beneficiados diretamente com cargos em postos de segundo e terceiro escalão, mas que controlam orçamentos expressivos, como a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), o Departamento de Obras Contra a Seca (DNOCS) e o próprio FNDE.