O presidente da República do “acabou, porra”

Jair Bolsonaro cercadinho Alvorada
Bolsonaro recebe aliados na frente do Palácio da Alvorada/Reprodução Twitter

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que “não haverá mais outro dia como ontem” e que “acabou”, numa referência à operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão na véspera contra pessoas aliadas a ele e acusadas de envolvimento na produção e distribuição e fake news.

“Não teremos outro dia igual a ontem. Acabou, porra!”, disse Bolsonaro, visivelmente irritado, em uma fala a jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada. “Acabou, não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas, individuais, tomando de forma quase que pessoal certas ações. Nós somos um país livre e vamos continuar livre mesmo com sacrifício da própria vida”, registrou a agência Reuters.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, disse nesta quarta-feira que o governo jamais pensou em intervenção militar e que sua nota da semana passada, em que falou de “consequências imprevisíveis” caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decidisse apreender o celular do presidente Jair Bolsonaro, foi neutra, e não uma ameaça.

O ministro Néfi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou ontem que não se podem admitir ataques a juízes por causa de decisões judiciais. Hoje, o ministro do STF Marco Aurélio, em respostas às reclamações de Bolsonaro, disse que as decisões têm que ser respeitadas. E que há mecanismos legais para serem contestadas.

Em mais de 20 minutos de fala, o presidente não admitiu que os jornalistas fizessem perguntas e, quando questionado, foi embora. Bolsonaro não explicou o que quis dizer com “acabou”, ou o que pretendia fazer contra o inquérito das fake news. “Ninguém mais do que eu tem demonstrando que tenho compromisso com democracia e liberdade. Agora, as coisas têm um limite, ontem foi o último dia”, repetiu.

As críticas de Bolsonaro se estenderam a outro ministro do STF, Celso de Mello, responsável pelo inquérito que investiga a suposta interferência do presidente na Polícia Federal. Exaltado, Bolsonaro afirmou que seus ministros não são criminosos por terem falado coisas durante uma reunião ministerial fechada e não podem ser acusados por isso.

“A responsabilidade do que tornou-se público não é de nenhum ministro. É do ministro Celso de Mello. Ele é o responsável. Eu peço pelo amor de Deus, não prossigam esse tipo de inquérito”, disse, referindo-se à decisão de Alexandre de Moraes de intimar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para depor à PF por ter dito, durante a reunião, que gostaria de ver presos todos os ministros do STF.

A rejeição ao presidente cresceu no último mês. Atualmente, segundo pesquisa do Datafolha, 43% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo. No dia 27 de abril, a taxa era de 38%.  A aprovação de Bolsonaro segue no mesmo patamar registrado há um mês: 33%. Já os que avaliam o governo como “regular” caíram de 26% para 22%., registra o Congresso em Foco. Os números são bastante parecidos com uma outra pesquisa, divulgada no dia 20 pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) para a XP Investimentos.

De acordo com os dados da pesquisa, essa polarização fica mais evidente nos brasileiros mais ricos, com renda superior a 10 salários mínimos. Esse é o grupo em que Bolsonaro enfrenta a maior rejeição (49%), mas ainda assim mantém taxa de aprovação acima da média (42%). Nesse estrato, apenas 8% avalia a gestão do presidente como “regular”.

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