A militante Sara Winter, principal porta-voz do controverso grupo autodenominado “300 de Brasília“, reconheceu em entrevista à BBC News Brasil a existência de armas dentro do acampamento montado pelo grupo em Brasília. Sara Winter foi candidata a deputada federal pelo DEM do Rio de Janeiro nas últimas eleições. Com 17.246 votos, não conseguiu ser eleita.
De acordo com Winter, cujo nome verdadeiro é Sara Geromini, as armas serviriam para “proteção dos próprios membros do acampamento”. “(Estamos) preparados para dar a vida pela nação, e nossas armas são a fé em Deus, a esperança neste governo e os métodos de ação não violenta”.
“Em nosso grupo, existem membros que são CACs (sigla para Colecionador, Atirador e Caçador), outros que possuem armas devidamente registradas nos órgãos competentes. Essas armas servem para a proteção dos próprios membros do acampamento e nada têm a ver com nossa militância”, afirmou.
Os “300 de Brasília” são alvo de investigação pela Procuradoria-Geral da República. Na semana passada, deputados do PSOL pediram a abertura de um inquérito para apurar a atuação de Sara Winter em suposta “formação de milícia“, escreve o repórter Ricardo Senra. No vídeo abaixo, o grupo se manifesta como se fosse uma unidade militar.
À BBC News Brasil, a autoproclamada conferencista internacional diz que defende “métodos de ação não-violenta” e alega que “absolutamente nenhum dos integrantes dos 300 do Brasil fala sobre ‘milícia armada’, muito menos sobre invadir o Congresso ou STF”. Em pelo menos uma carreata organizada pelo grupo, no entanto, tais iniciativas foram defendidas por participantes.
Entre abril e outubro do ano passado, atuou como coordenadora-geral de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade do Ministério da Família, Mulheres, e Direitos Humanos, por indicação da ministra Damares Alves, com quem compartilha bandeiras contra o feminismo e o aborto. No passado, no entanto, foi militante do grupo Femen e chegou a “castrar” um boneco que representava o então deputado federal Jair Bolsonaro.