Moro presta depoimento e entrega provas contra Bolsonaro

Sérgio Moro entrevista Misto Brasília
Sérgio Moro é senador da República pelo Paraná/Arquivo
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O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro concluiu seu depoimento de mais de oito horas na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba na noite deste sábado (02). O testemunho ocorreu no âmbito da investigação aberta contra o presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentar interferir politicamente na PF.

Moro chegou por volta das 13h15 à sede da corporação em Curitiba, cidade onde liderou, como magistrado, a operação anticorrupção Lava Jato e condenou vários empresários e políticos, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele deixou o prédio por volta da meia-noite, segundo a imprensa brasileira, sem falar com os jornalistas presentes. O jornal Folha de São Paulo relatou que o depoimento durou cerca de oito horas, entre 14h e 22h, aproximadamente.

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Desta vez foi o ex-juiz a se submeter às perguntas de delegados da PF, sob o olhar de três procuradores nomeados para acompanhar as diligências pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que foi quem pediu a abertura da investigação. A oitiva foi conduzida também pela delegada Christiane Correa Machado, chefe do chamado Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq), que apura investigações em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o jornal O Globo, em seu depoimento Moro reafirmou, desta vez oficialmente à Polícia Federal, as acusações feitas contra Bolsonaro no pronunciamento em que anunciou sua demissão do Ministério da Justiça, em 24 de abril.

O ex-ministro também teria entregado provas contra o presidente sobre sua atuação para interferir diretamente na PF, e colocado à disposição seu celular, para que os investigadores tenham acesso a conversas mantidas por ele em aplicativos de mensagens.

Moro já havia mostrado ao Jornal Nacional, da TV Globo, uma troca de mensagens com Bolsonaro, em que o presidente cobra a troca do comando da Polícia Federal após citar uma investigação envolvendo aliados do governo. Segundo O Globo, o ex-ministro apresentou novas provas à PF neste sábado, além das mensagens já divulgadas pela imprensa brasileira.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia pedido que, na oitiva, Moro fizesse uma “manifestação detalhada sobre os termos do pronunciamento [que anunciou sua demissão], com a exibição de documentação idônea que eventualmente possua acerca dos eventos em questão”. Citado pelo jornal carioca, o advogado de Moro, Rodrigo Sanches Rios, informou em nota que, “como a investigação está em andamento, nossa manifestação será apenas nos autos”.

À espera do ex-juiz, tanto manifestantes pró-Moro quanto adeptos de Bolsonaro se concentraram desde a manhã de sábado próximo à sede da polícia. Registraram-se protestos e momentos de tensão, rapidamente apaziguados pelos agentes locais, segundo a imprensa.

Horas antes de o ex-ministro começar seu depoimento na Superintendência da Polícia Federal, Bolsonaro se referiu a ele como “judas”, à saída do Palácio da Alvorada, em Brasília. “Ninguém vai fazer nada que contrarie a Constituição. Fiquem tranquilos que ninguém vai querer dar o golpe contra mim”, acrescentou o mandatário.

Antes, Bolsonaro insinuara nas redes sociais que Moro impediu a investigação da facada recebida por ele em 2018, durante sua campanha eleitoral, cujo autor se encontra detido desde então.

O juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello ordenara na quinta-feira que Moro testemunhasse no prazo máximo de cinco dias, após as graves acusações que lançou contra Bolsonaro ao se demitir. Caso se conclua que não são verdadeiras, o ex-ministro poderá ter que responder por denunciação caluniosa e crimes contra a honra.

Em entrevista à revista Veja na última quinta-feira, Moro afirmou que não vai admitir ser chamado de mentiroso e disse ter provas contra Bolsonaro. “Reitero tudo o que disse no meu pronunciamento. Esclarecimentos adicionais farei apenas quando for instado pela Justiça. As provas serão apresentadas no momento oportuno, quando a Justiça solicitar”, afirmara. (Da DW)

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