O que é a teoria do isolamento vertical e suas consequências

Bolsa de Tóquio
A teoria do isolamento ganhou adeptos no mercado financeiro/Arquivo
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Os presidentes Donald Trump (Estados Unidos) e Jair Bolsonaro (Brasil) compraram a teoria do isolamento vertical. A repórter Mariana Sanches, correspondente da BBC News Brasil em Whashington, explica. Ela observa que como quase toda solução simples para problema complexo, a teoria tem chance alta de estar errada.

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Os dois expoentes da teoria, os epidemiologistas John Ioanidis e David Katz , usam dados da Coreia do Sul – onde 1% dos infectados morreu e a maioria apresentou só quadros leves para defender que bastaria isolar grupos de risco – idosos, diabéticos, cardiopatas – para vencer o coronavírus.

1. Ambos argumentam que o confinamento de cidades inteiras não só seria dar tiro de canhão em mosquito como impediria a formação da “imunidade de rebanho”, quando a população em geral desenvolve anticorpos contra o coronavírus e passa a conter sua multiplicação e circulação, sufocando a pandemia.

2. Manter o lockdown de cidades (como acontece em vários países hoje) poderia fazer mais vítimas de pobreza, desemprego e violência do que do vírus em si, diz Katz. Ioannidis nos compara a um elefante que, ao ser arranhado por um gatinho, decide se proteger pulando do precipício.

3. A teoria soou como música nos ouvidos de Wall Street e desembarcou nas equipes econômicas dos governos do Brasil e dos Estados Unidos, desesperadas pra suavizar o tombo fiscal e econômico resultante da pandemia. Para isso, podem escolher fechar os para as contradições do tal isolamento vertical.

4. Um problema da pandemia é a falta de dados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que para saber a expansão e a letalidade dela, precisaríamos ter 80 vezes a quantidade de testes que temos hoje. O que vemos com os dados hoje é uma parte da fotografia, que não permite descobrir qual é a imagem completa da foto.

5. E mais: se a letalidade na Coreia do Sul foi de 1%, na China chegou a 4%, na Itália, 9,8%. Isso porque o potencial mortífero não depende só do coronavirus , mas do sistema de saúde que ele encontra. Em condições ideais, um caso em cinco doentes graves morre. Em hospitais com sobrecarga, morre nove em 10.

6. Para piorar, os grupos de risco são enormes. Nos EUA, seria necessário isolar dois em cada cinco. Muita gente para uma medida que se pretende cirúrgica. E gente que não vive só: avós que moram com netos, pais diabéticos ou cardiopatas com filhos jovens. Como os que circulam não trarão a doença para casa?

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