Texto de Dirceu Pio
Não existe nada mais anacrônico do que essa tal de Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) que na semana passada (penúltima de dezembro) juntou-se a também obsoleta Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) para cobrar do presidente Jair Bolsonaro os “maus tratos” a jornalistas.
Nenhum governo, na história da República, foi tão maltratado pelos “jornalistas” quanto este, mas isto ninguém cobra de ninguém, como se vivêssemos o melhor dos mundos nesse jornalismo em fim de feira, este sim uma vergonha nacional.
Agora, não há qualquer dúvida de que a “rainha do anacronismo” é essa Abraji. Depois dos desaforos que o presidente distribuiu democraticamente aos “jornalistas” que o assediaram, Bolsonaro marcou uma coletiva talvez pensando em serenar os ânimos.
Uma pergunta que diz tudo.
De saída recebeu uma pergunta em si mesma capaz de sintetizar o anacronismo da Abraji: “O senhor acha – perguntou-lhe um repórter – que as investigações do Caso Marielle deveriam ser transferidas para a esfera federal?”
Está mais do que evidente que a demora na resolução do Caso Marielle só pode ser explicada pelo interesse das forças que desejam desestabilizar o governo, pois isso dá margem a já velha e sórdida especulação de que o presidente e membros de sua família estão envolvidos com as milícias do Rio de Janeiro.
A sordidez é tanta que até a mulher ensacadora de vento – ela mesma a ex-presidenta Dilma Rousseff – reagiu assim contra as pessoas que, recentemente, a vaiaram a bordo de um avião:
“Eu sei o que vocês querem…vocês querem é manter um miliciano na presidência da República!”
Associação de coisa alguma.
Isto tudo transforma uma Associação de Jornalismo Investigativo em Associação de coisa alguma…Digo de cátedra, porque já vi de perto como trabalhava o grande e inigualável repórter investigativo que este país já teve – Octávio Ribeiro, o saudoso Pena Branca.
Ainda recentemente escrevi que se Pena Branca fosse vivo já teria elucidado estes três casos: Marielle, Adélio Bispo dos Santos e Celso Daniel.
Isto sim, esses mistérios que se eternizam, é que enchem de vergonha este jornalista que pela idade e pela saúde já não pode investigar.
(Dirceu Pio é jornalista em São Paulo e foi diretor da Agência Estado)