Pelé diz que Deus só mandou a conta depois “que eu parei”

Pelé ex-jogador craque Misto Brasília
Pelé foi o maior jogador de futebol de todos os tempos/Arquivo

O Rei do Futebol, Pelé, concedeu entrevista à Agência Efe na qual admitiu enxergar dificuldade no combate ao racismo no futebol, como no recente caso envolvendo o atacante Taison, na Ucrânia, e também contra um segurança no Mineirão, durante o clássico do último domingo entre Atlético-MG e Cruzeiro.

“Isso, infelizmente, não dá para dizer que vai terminar. É impossível. Isso é coisa do ser humano, do próprio ser humano”, lamentou o lendário camisa 10 da seleção brasileira e do Santos.

Na conversa, em que mostrou muito bom humor e até brincou sobre um retorno aos gramados, Pelé garantiu estar se recuperando bem dos problemas recentes de saúde e brincou que está pagando “a conta” por uma carreira bem-sucedida e livre das graves lesões, além de ressaltar que não haverá outro como ele nos gramados, porque seus pais “já fecharam a fábrica”.

As falas

“Graças a Deus, já estou bem melhor. Sempre falo para os amigos, os fãs, que eu tenho que agradecer muito a Deus, porque eu só tive os problemas de contusão, de fratura, depois que eu parei de jogar futebol. Deus só mandou a conta depois que eu parei. Graças a Deus, agora já estou me recuperando, porque eu tive problema na coluna, no quadril, de menisco, no tornozelo, mas agora já estou começando a andar bem. Mas, não dá para jogar ainda.

“Realmente, é algo importante, é um marco importante. Eu não sonhava com uma coisa dessas, foi um presente de Deus. Tudo o que aconteceu, com o milésimo gol, como foi o milésimo gol, são coisas que não tem muita explicação. Eu já tinha feito 999 gols, mas porque o milésimo gol deveria ser de pênalti? Eu ficava pensando que poderia ser normal, e foi a pior coisa para mim, a mais difícil. Antes de bater o pênalti, eu pensava “eu não posso perder”, “o goleiro não pode defender. Foi uma experiência maravilhosa”.

“No meu tempo, também existia isso, provocações. Em alguns lugares, que a gente foi jogar, na Argentina, às vezes no Uruguai, eles falavam. Isso, infelizmente, não dá para dizer que vai terminar. É impossível. Isso é coisa do ser humano, do próprio ser humano. Tem é que se estar preparado para isso. Quando nós fomos para a Suécia, na Copa de 58, eu não tinha muita experiência, estava com a seleção. Eu olhava e só tinha loira, gente branca, e falava com outros jogadores: “não tem nenhum crioulo aqui?“. Depois, todas as meninas suecas, porque acho que nunca tinham visto negro, queriam ser minhas amigas, falar. Eu disse “já melhorou”. Elas vinham conversar, brincar, porque eu era negro. Algumas passaram a mão. Na minha vida, graças a Deus, eu nunca tive problema, pelo contrário. Mas, é uma coisa triste”.

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