Áudios divulgados neste domingo pelo jornal Folha de São Paulo mostram que o ex-policial militar Fabrício Queiroz, pivô do escândalo que atingiu um dos filhos de Jair Bolsonaro no final de 2018, estava preocupado com a investigação do Ministério Público do Rio contra ele. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro é suspeito de envolvimento um esquema de “rachadinha”, prática em que servidores de gabinetes devolvem parte de seus salários a parlamentares.
“É o que eu falo, o cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal. É só porrada. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”, diz Queiroz num áudio teria sido enviado pelo WhatsApp em julho.
A Folha afirma que não possível determinar quem seria a pessoa que estaria sendo protegida, mas segundo o jornal O Globo, que teve acesso ao áudio completo, Queiroz estaria falando em Adélio Bispo, autor de um atentado a faca contra Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Apesar de a investigação da Polícia Federal ter concluído que Adélio agiu sozinho, os áudios indicariam que o ex-assessor de Flávio acredita que ele teria sido contrato por alguém e estaria sendo protegido.
Amigo pessoal de Jair Bolsonaro, Queiroz ocupou por mais de uma década um cargo de assessor no gabinete do filho mais velho do presidente, Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ele foi exonerado em 16 de outubro do ano passado, pouco depois de Flávio ter sido eleito senador e Jair Bolsonaro ter passado para o segundo turno do pleito presidencial.
Queiroz também expressa o desejo de voltar ao PSL, partido de Bolsonaro, para ajudar o presidente a “lapidar a bagunça” no diretório regional do partido no Rio de Janeiro, que atualmente é comando por Flávio.
“Torcendo para essa pica passar. Vamos ver no que vai dar isso aí para voltar a trabalhar, que já estou agoniado. Estou agoniado de estar com esse problema todo aí, atrasando a minha vida e da minha família”, afirma.