Ao mestre com carinho

Olavo de Carvalho filósofo escritor Misto Brasília
Olavo de Carvalho é ua espécie de mentor filosófico de Bolsonaro/Arquivo/Reprodução vídeo

Considero o professor Olavo de Carvalho um herói, uma voz que clama no deserto da área de Humanas.  Sozinho, autodidata, persistente, ele tem construído ao longo dos anos um arcabouço teórico em Filosofia que nos dá a oportunidade de nos situar em meio ao oceano marxista que engole as teorias e as análises, os congressos, as publicações (soit-disant) científicas de humanidades.

O professor constrói filosofia de alta qualidade para a vida prática, a fim de gerar um contraponto necessário ao marxismo cultural que se torna práxis obrigatória na elite científica brasileira, sobretudo a da área de Humanas.

Tornou-se conhecido por sua batalha ao longo do tempo, sua genialidade que foge à delicadeza dos tapetes das etiquetas com diploma europeu de doutorado e mil trabalhos parecidos em revistas qualis A. E tanta delicadeza, enfim, para quê? Para “lutar contra a opressão do capitalismo“. Artigos, livros, trabalhos e aulas que podem ser resumidos em panfletos ideológicos.

Do conforto de suas salas, a bordo de seus Ipads, IPhones, MacBooks, navegam por Internet banda larga em Wi-Fi, escrevem em inglês e francês e combatem o mesmo capitalismo que lhes proporciona voos internacionais na classe econômica, mas não para a África, onde poderiam falar o zulu, em vez do inglês.

Vão mesmo é para a capitalista Nova Iorque, ou para países europeus (Paris está meio caída, precisam admitir. Os assaltos, os furtos, o metrô superlotado, todos aqueles imigrantes…) Sim, é caso de paralaxe cognitiva.

Vejam, há a Abralin, Associação Brasileira de Linguística. Ela proporciona aos linguistas congressos de alto nível, publicações que têm o empenho profissional e pessoal de pós-doutores que aprendi a respeitar por seu vasto conhecimento linguístico.

A Abralin, contudo, não se envolve em questões, digamos, pouco relevantes. Como o fato absurdo de que os profissionais da área de Letras não são autorizados pelo MEC a alfabetizar. Isso mesmo. Um profissional que estudou fonologia, aquisição da linguagem, morfologia e mais um tanto de disciplinas de didática e de Pedagogia para ser “licenciado em Letras” não pode alfabetizar.

Isso porque o privilégio é dos pedagogos, que, salvo raríssimas exceções, nada sabem sobre língua, Linguística nem linguagem. Aprendem um fardo de conteúdo teórico ideológico inútil, têm pouquíssima prática e estão autorizados a deformar as mentes das crianças nas escolas, a fim de torná-las analfabetas funcionais que serão futuros pedagogos, quem sabe.

A Abralin não opina, não trata desses assuntos do baixo clero, não se dispõe a defender o profissional de Letras.

Serve para organizar belos congressos internacionais de Linguística, que são uma espécie de “Colônia de Férias” para os nobres cientistas da Linguagem. Ah, mas pelo menos isso!

No mais, fica meu agradecimento ao professor Olavo de Carvalho, sobretudo por fugir desses rapapés e ir ao centro do conhecimento da vida diária. Por não fugir da guerra surda e desigual que os cientistas de Humanas travam contra a sociedade, dizendo que lutam “contra o capitalismo”, mas servindo-se até a última gota desse sistema que, tendo imperfeições, proporciona-lhes liberdade de expressão, tecnologia avançada, bons salários e status de “sábios”, não obstante não o serem.

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