Morar em áreas com altos níveis de poluentes no ar pode aumentar em 2 a 3 vezes o risco de redução importante da reserva ovariana feminina. O estudo feito por pesquisadores da Universidade de Modena e Reggio Emilia, na Itália é lembrado pelo médico creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Carlos Roberto Izzo.
Segundo o estudo, os índices de material particulado (aerosol) e de poluentes no ar podem ter impacto negativo em relação à reserva ovariana das mulheres. “A avaliação da reserva ovariana está associada a folículos ovarianos viáveis e pode ser utilizada como indicador da fertilidade feminina”, diz.
Em gestantes, a poluição do ar tem sido associada a patologias apresentadas durante a gestação. De acordo com o médico, no entanto, esse estudo não demonstrou tal ocorrência de maneira clara. “O que sabemos é que a exposição à poluição do ar durante a gestação pode causar baixo peso no bebê, prematuridade e aumento do risco de autismo. Por isso, é recomendável a diminuição da exposição das gestantes ao ar poluído”, alerta.
“Ainda não é possível concluir se foi, exclusivamente, a exposição à poluição que refletiu na maior incidência de infertilidade em áreas geográficas de maior poluição, uma vez que fatores ambientais também podem modificar a dinâmica ovariana, independente da faixa etária da mulher”, avalia o médico, que também é mestre e doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O estudo “The Ovarian Reserve and Exposure to Environmental Pollutants” analisou os níveis hormônio antimülleriano (HAM) em cerca de 1.300 mulheres que residiam em Modena entre os anos de 2007 e 2017. De acordo com os especialistas envolvidos no estudo, o trabalho relacionou a taxa de produção de óvulos das mulheres com a poluição atmosférica do local onde elas residiam. Ou seja, a poluição em grandes capitais pode ocasionar, além de doenças cardiovasculares e pulmonares, uma nova preocupação para as mulheres em idade reprodutiva: a infertilidade.