Governo em construção: opinião pública e redes sociais

É do conhecimento geral que as redes sociais foram de fundamental importância para a eleição não só de Jair Bolsonaro, mas também de candidatos como Romeu Zema em Minas Gerais e Wilson Witzel no Rio de Janeiro. O futuro presidente conseguiu passar sua mensagem e mobilizou parcela significativa do eleitorado. Ao que tudo indica, ele manterá ao menos em parte esse modus operandi durante seu governo.

O processo de transição em curso tem reforçado o que pode ser chamado de “estilo Bolsonaro de comunicação“. Todos os ministros tiveram seus nomes anunciados primeiramente na conta de Twitter do presidente eleito. Informações relevantes também têm sido divulgadas dessa maneira. A imprensa, por sua vez, perde espaço. Não consegue se antecipar e fica a reboque dos fatos.

Até o momento, Bolsonaro tem obtido êxito em sua estratégia de comunicação. A recente pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, mostra isso. De acordo com o levantamento, realizado entre 29 de novembro e 2 de dezembro, 75% dos brasileiros consideram que Bolsonaro e equipe “estão no caminho certo”, enquanto apenas 14% avaliam que eles estão no “caminho errado”.

Os números acima, bastante superiores ao índice de votos recebidos por Bolsonaro em outubro, mostram que a “lua de mel” do presidente eleito com o eleitorado segue seu curso. Isso apesar das muitas idas e vindas registradas na transição.

Cabe ressaltar aqui que a pesquisa não captou as denúncias contra o senador eleito Flavio Bolsonaro, de grande repercussão nacional. O campo do levantamento foi encerrado antes dos fatos virem à tona. As denúncias, por sinal, podem ser consideradas o primeiro grande teste do presidente eleito. Como reagirá a opinião pública diante disso?

Com sua experiência de muitos anos de Congresso Nacional, Bolsonaro sabe que não poderá basear sua gestão única e exclusivamente por meio das redes sociais. Por conta disso, ele já estabeleceu conversas com partidos que deverão integrar a base aliada. O presidente eleito certamente tentará combinar seu estilo de comunicação (similar ao do presidente norte-americano Donald Trump, por sinal) com práticas políticas tradicionais, via partidos políticos.

O governo que tomará posse no início de janeiro enfrentará grandes desafios. A agenda legislativa é um deles, assim como a crise econômica, que não dá trégua. Sem algum resultado positivo imediato, a opinião pública poderá virar as costas para o futuro presidente. A “lua de mel” de Bolsonaro com o eleitorado terá prazo de validade curto. Isso teria consequências imprevisíveis.

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