Professor de Ciência Política da PUC-RJ, Luiz Werneck Vianna avalia que as delações da Odebrecht têm tido repercussão muito maior na imprensa do que nas casas dos brasileiros.
“É visível o silêncio das ruas em relação a tudo isso”, afirma Vianna, que já lecionou na Unicamp e na Universidade Federal de Juiz de Fora e é autor de livros como “A judicialização da política e das relações sociais no Brasil” (1999) e “Democracia e os três poderes no Brasil” (2002).
Para ele, a abertura de investigações contra dezenas de líderes partidários citados pela empreiteira abre espaço para outsiders na política, mas não deve provocar transformações tão radicais em Brasília.
Em entrevista à BBC Brasil, ele afirma que grandes partidos abalados pelas delações – como PT, PSDB e PMDB – deverão passar por uma renovação, mas continuarão relevantes.
“A grande massa, por ora – e isso pode mudar -, está apenas sentindo e observando de longe esses fatos. Esses fatos têm tido muito peso, muita vocalização na mídia. Uma coisa que se tem de considerar na política brasileira hoje é que a mídia se tornou ator político de peso considerável, mas ela não tem braço, não tem mãos. Tem apenas voz…
“Haverá uma renovação de pessoas. Não talvez com a carga necessária, porque se se olha toda movimentação que tem havido, há pouquíssimos quadros novos. Não surgiu quase ninguém [com os protestos] em junho de 2013.
“O Brasil é muito grande. É muito diverso. É muito difícil haver formas muito vertebradas de expressão, no sentido de que unifiquem classes e regiões, dada a diversidade e a desigualdade existentes”.